
Um dos sobreviventes do naufrágio do barco-motor Transrégia II, que aconteceu na madrugada de 7 de maio de 1983, Bandiera relembra na obra as horas de angústia passadas à deriva no rio, agarrado a um colete salva-vidas; e reflete sobre os impactos do acontecimento em sua vida.
O município de Parintins sediará, no próximo dia 27/06, o lançamento do livro “Naufrágio no Amazonas: a tragédia do Transrégia II” (Editora Fundação Fênix), de autoria do desembargador Cezar Luiz Bandiera. A obra narra os acontecimentos que envolveram o naufrágio do barco-motor “Transrégia II”, ocorrido em 7 de maio de 1983 nas águas do rio Amazonas, próximo à ilha de Cumaru, a meia hora de Itacoatiara, deixando mortos, entre elas três crianças; um número incerto de desaparecidos; e 120 sobreviventes, entre eles Bandiera, como registraram os jornais da época.
“Demorei mais de quarenta anos para, enfim, escrever esta passagem da minha vida e de muitos irmãos, desconhecidos em sua quase totalidade. Conheci apenas alguns poucos. Iniciei a escrita várias vezes, mas não consegui prosseguir; o texto não fluía. Agora, consigo não apenas narrar os fatos, mas também expressar alguns dos meus sentimentos a propósito de uma tragédia vivida, que ceifou dezenas de vidas em silêncio. Por pura vontade de Deus, fui poupado de partir para a eternidade. Depois de um tempo, entendi que talvez Ele tivesse reservado para mim uma missão, a qual espero estar cumprindo com dignidade e honra, elevando Seu nome”, registra o desembargador em trecho de “Naufrágio no Amazonas: a tragédia do Transrégia II”.
Além dos relatos de Bandiera, a obra é ilustrada com a reprodução de páginas de jornais que, naquele maio de 1983, dedicaram grande espaço para noticiar o acidente e seguir na cobertura do resgate dos sobreviventes e dos corpos dos que perderam a vida, assim como na busca pelos desaparecidos.
O município de Parintins (distante 325 quilômetros de Manaus) foi escolhido para o lançamento do novo livro de Bandiera porque, à época do acidente, ele era juiz de direito na 2.ª Vara daquela comarca e estava na embarcação que naufragou a caminho de lá, após ter perdido um voo, da Taba.
O lançamento vai ocorrer às 10h no Centro de Memória de Parintins, localizado na Praça Eduardo Ribeiro, situada na rua Benjamin da Silva, s/nº (em frente ao Mercado Municipal de Parintins), e será seguida de sessão de autógrafos para quem adquirir o exemplar.
O livro, de 66 páginas e com prefácio assinado pelo jornalista, escritor e cartunista Mario Adolfo, estará à venda no lançamento pelo valor de R$ 20 e a renda total será revertida para a Prelazia de Parintins.
O autor
Natural do Rio Grande do Sul, Cezar Bandiera graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e é doutor em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza/Ciesa. Ingressou na magistratura como juiz substituto da capital em 1983, aprovado no concurso para juiz de direito da Corte amazonense. Atuou nas Comarcas de Parintins, Manacapuru e Benjamin Constant, onde também exerceu a função de juiz eleitoral. Promovido para a capital em 1986, assumiu a titularidade da 4.ª Vara da Fazenda Pública Municipal. Em outubro de 2021, foi promovido a desembargador, pelo critério de merecimento.
Em sua trajetória na magistratura, Bandiera foi juiz corregedor auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça do Amazonas e, em 2014, foi nomeado juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça do CNJ para mandato de dois anos. Foi, também, juiz membro do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Amazonas e, na capital, respondeu pela 32.ª e 58.ª Zonas Eleitorais de Manaus. Tem o título de “Cidadão do Município de Parintins”, interior do Amazonas, que lhe foi outorgado em 1984; e o título de “Cidadão do Estado do Amazonas”, honraria recebida em 2016.
Outras obras
Entre outras obras, o desembargador Cezar Bandiera também é autor do livro “Leis de Organização Judiciária do Amazonas – Edição Histórica” (Editora Valer), lançado em 2023 – cujo conteúdo foi construído ao longo de mais de duas décadas de estudos e, em sua essência, é um apanhado cronológico, resultado de pesquisas profundas; análises e experiências do autor, abordando um tema complexo e de interesse primordial para os operadores do sistema de Justiça; “O Acesso à Justiça no Amazonas – Um estudo em 45 Comarcas” (Editora Lumen Juris Direito), de 2021; e “Uma Análise Transversal do Direito” (Editora Fundação Fênix), de 2024, composta por artigos de temáticas variadas, que focalizam, primordialmente, na transformação do Poder Judiciário brasileiro pela integração de novas tecnologias, como a inteligência artificial e a robótica, bem como a adoção de novas ferramentas digitais, visando a engrandecer o bem-estar dos cidadãos sob os auspícios de eficiência, justiça e igualdade.


