InícioINTERNACIONALOpas: todos os países devem ter acesso às vacinas contra covid-19

Opas: todos os países devem ter acesso às vacinas contra covid-19

Capacidade de pagamento não pode prevalecer, diz órgão

 Em coletiva de imprensa virtual realizada hoje
(19), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) defendeu que, quando a vacina
contra o novo coronavírus estiver pronta, todos os países devem ter acesso,
independentemente de suas capacidades de pagamento. O brasileiro Jarbas
Barbosa, diretor adjunto da organização, afirmou que a vacina poderá estar
pronta para ser fabricada dentro de um ano.
 “Neste momento, temos mais de 100
projetos de desenvolvimento de vacinas. Alguns já começaram testes em humanos,
alguns já concluíram a primeira fase dos ensaios em humanos, que é a fase 1. Ou
seja, pode-se ter como resultado dessa cooperação global uma vacina que talvez
em um ano esteja disponível para ser fabricada”, explicou.
 Para Barbosa, “a Opas trabalhou com
sócios internacionais sobre o assunto da vacina para garantir que os países da
região tenham acesso quando estiver disponível. Não podemos permitir que o
acesso à vacina possa estar relacionado com a capacidade de pagamento de um
país. É muito importante, como um dos pilares de nossa organização, a
solidariedade”.
 Com relação à hidroxicloroquina ou à
cloroquina, Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis
da Opas, afirmou que não há nenhuma prova que indique ser recomendável o uso
durante o tratamento da covid-19.
 “Não temos resultados dos ensaios
clínicos que sugiram a eficácia desses dois remédios. De fato, desde o início,
a Opas trabalhou com todos os países e imediatamente produzimos uma revisão
muito sistemática sobre as evidências desses dois medicamentos. Acabamos de
atualizar esse documento e não há evidências de que sejam eficazes contra a
covid-19. O uso deles é decisão de cada país, mas nossas recomendações são
muito claras: de que não devem ser utilizados. E, de fato, há estudos que
apontam para uma alta taxa de efeitos secundários, como problemas cardiológicos
em pessoas que estão utilizando”, afirmou Espinal.
 O diretor ressaltou que é importante que os
países transmitam uma mensagem consistente, em consonância com as recomendações
da Opas e da Organização Mundial da Saúde (OMS), para evitar que a população
não sabia a quem deve escutar. “Os países implementam diferentes medidas.
Cada país adota seu modelo e, para isso, a Opas os assessora e está em
comunicação constante através de seus especialistas.”
 Ao ser questionado sobre a estratégia da
“imunidade de rebanho” defendida por alguns países, Sylvain
Aldighieri, gerente de Incidentes do organismo, respondeu que essa não é a
estratégia recomendada pela OMS nem pela Opas.
 “Os eixos e a estratégia de resposta se
baseiam na detecção dos casos, o isolamento desses casos, a identificação dos
contatos [daquelas pessoas que estiveram em contato com infectados)], a
quarentena deles, o manejo clínico para salvar vidas, e a implementação das
medidas de saúde pública, com todas as suas etapas. Esse é o caminho que temos
que seguir nessa região, não é buscar uma imunidade de rebanho. Na verdade, não
gostamos dessas palavras, que não se aplicam ao ser humano”, disse
Aldighieri.
 O especialista também falou sobre a
importância de reforçar a prevenção e o controle da covid-19 em populações
vulneráveis.
 “Estamos falando de pessoas vulneráveis,
de povos indígenas, não somente na região [do] Amazonas, mas também nos Andes,
na América Central. Além dos afrodescendentes, que são minoria em alguns
países. São populações muito vulneráveis por diferentes razões. Além dos
desafios da promoção da saúde e do acesso à informação, também vivem em
condições de pobreza, em comunidades muito densas. Existe o risco de que o
vírus se propague para as comunidades mais remotas através de rios e estradas
no Amazonas.”
 “Temos diferentes pontos críticos e
queria falar sobre a Tríplice Fronteira entre Brasil, Peru, Colômbia, onde
estamos vendo uma tendência ascendente com uma alta taxa reprodutiva da
covid-19. Devemos considerar os povos indígenas como populações vulneráveis e implementar
medidas de prevenção e controle para protegê-los”, destacou.
Foto: Lucas Landau

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