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Foto: Divulgação
Com dívidas de R$ 580 milhões, o São Paulo não conseguiu pagar o salário de R$ 1,5 milhão mensais a Daniel Alves. A dívida passa dos R$ 11 milhões. Ele quer receber

 

Articulado pelo ex-executivo e ídolo do clube, Raí, e aprovado, com entusiasmo pelo inseguro ex-presidente Leco, esportivamente, demorou um ano e meio, mas deu certo.

O jogador de 38 anos não só trouxe personalidade, competitividade, mas ótimo futebol, quando se rendeu a Hernán Crespo e jogou como lateral/ala direita. Foi um dos grandes responsáveis pelo final de jejum de nove anos sem títulos.

Além disso, serviu como bússula. Orientando, incentivando, cobrando as revelações que vieram do Centro de Treinamento de Cotia. Foi o braço direito de Fernando Diniz e é o braço direito e esquerdo de Hernán Crespo.

PublicidadeO São Paulo voltará a ter um titular na Seleção Brasileira.

Foi o seu 41º campeonato vencido.

A Fifa o comparou ontem a um ‘imã de títulos’. É o jogador com mais conquistas na história.

Mas, se do lado esportivo deu certo, do lado financeiro, foi um desastre.

Raí e Leco ficaram iludidos em relação ao jogador. Se esqueceram das enormes dívidas que atormentavam o São Paulo em agosto de 2019, eram R$ 450 milhões. Desprezaram a situação econômica do país.

E acreditaram, de verdade, que empresas fariam fila para pagar o salário de Daniel Alves. São nada menos do que R$ 1,5 milhão por mês. Até dezembro de 2022.

A única sondagem que houve foi do streaming DAZN, que pretendia transformar o jogador em seu ‘embaixador’. Mas a crise econômica do Brasil e a pandemia provocaram a desistência da empresa.

Os pagamentos de Daniel Alves passaram a atrasar. Só uma mínima parte, a que está na carteira de trabalho, é paga religiosamente, de acordo com os dirigentes. Mas direito de imagem e bônus que foram acertados com o inseguro Leco, se acumularam.

O São Paulo de 2021, que deve R$ 580 milhões, tem dívida de mais de R$ 11 milhões com Daniel Alves. E o jogador, finalmente, perdeu a paciência. Foi cirúrgico. Depois da conquista do título paulista, ele cobrou, com muita classe, o dinheiro que o São Paulo lhe deve.

 

E fez uma analogia interessante.

Se comparou a uma garrafa de vinho, como a de, por exemplo o Château Lafite Rothschild, safra 1869, que foi leiloado por 230 mil dólares, cerca de R$ 1,2 milhão.

“Evidente que eu também não trabalho de graça. Quando você compra um grande vinho, você não compra a garrafa, você compra a história. A história tem um preço. Se você não tem a capacidade de arcar com essa história, dificilmente você vai beber grandes vinhos constantemente”, ironizou o jogador, ontem no Sportv.

Daniel Alves foi elegante. Mas firme.

“Tudo que eu fiz pelo São Paulo, não me arrependo de ter feito, eu fui um facilitador para hoje eu estar no São Paulo e hoje estarmos celebrando a conquista de alguma coisa. Chega um momento que eu não posso facilitar mais, porque eu começo a desvalorizar o produto. Eles estão conversando. Espero que cheguem num bom porto e que a história continue.”

Julio Casares já sabia do descontentamento de Daniel Alves.

Só não esperava que ele fosse torná-lo público.

E o presidente sabe da importância do jogador. E promete pagar parte do atrasado já nos próximos dias. Tem a consciência que é primordial ter o jogador satisfeito na fase decisiva, eliminatória da Libertadores. No Brasileiro, na Copa do Brasil.

Para isso, o endividado São Paulo terá de arcar o compromisso feito por Raí e pelo inseguro Leco.

Ele foi fundamental para o clube voltar a ser campeão.

E agora, como todo trabalhor, quer seu salário.

Acabou a paciência de Daniel Alves…

 

Fonte: R7

Foto: Divulgação