TCE

Inquérito apura suposta interferência política na Polícia Federal

 A Advocacia-Geral da União (AGU) fez hoje (8)
o terceiro pedido envolvendo a decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo
Tribunal Federal (STF), que determinou que a gravação de uma reunião, realizada
no dia 22 de abril, entre o presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente
Hamilton Mourão, ministros e presidentes de bancos públicos seja enviada à
Corte em 72 horas.
 Na manifestação, o advogado-geral da União,
José Levi do Amaral, solicita que seja definida a cadeia de custódia, ou seja,
a indicação de quais órgãos terão acesso ao vídeo no decorrer do processo. A
decisão caberá ao ministro Celso de Mello, que é relator do caso. 
 “A União vem, respeitosamente, no ensejo da
iminente entrega do registro audiovisual completo da reunião presidencial
ocorrida no dia 22 de abril de 2020, rogar seja verificada a possibilidade de
vir a ser definida, desde logo, a inteira cadeia de custódia do citado registro
até que a autoridade policial designada por Vossa Excelência venha a realizar a
segregação dos elementos que sejam pertinentes daqueles que não sejam
pertinentes ao inquérito em epígrafe para o fim de juntada definitiva dos
primeiros aos autos”, disse a AGU. 
 Na quinta-feira (6), na primeira petição
enviada ao STF, a AGU pediu que a entrega fosse revogada “pois nela foram
tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de
Relações Exteriores, entre outros”. 
 Ontem (7), o órgão também pediu que o ministro
analise a possibilidade de entregar somente uma parte da gravação da reunião em
que Moro estaria presente. 
 No despacho proferido na terça-feira (5),
Celso de Mello pediu a cópia da gravação à Secretaria-Geral e à Secretaria de
Comunicação da Presidência da República, ao atender ao pedido de diligência
feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito que apura as
declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro sobre
suposta interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal (PF). A reunião
foi citada por Moro em depoimento à PF na semana passada. 
 Desde a exoneração de Moro, o presidente nega
que tenha pedido para o então ministro interferir em investigações da PF.
Foto: Marcello Casal Jr.