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A busca por aplicativos de paquera mais que dobrou no ano passado em comparação com 2020. É o que aponta um relatório global da plataforma de marketing de aplicativos mobile Liftoff. Segundo o levantamento, o custo por instalação, ou CPI desses apps — dado referente ao investimento de uma marca sempre que um usuário instala um de seus aplicativos — passou de 2,21 dólares (R$ 4,57) para 4,57 dólares (R$ 23,93).

Os dados não vêm como uma grande surpresa. Devido ao aumento das novas variantes da Covid-19, essa vem sendo, para muitas pessoas, a alternativa mais sensata de conhecer pretendentes. Mas, o documentário O Golpista do Tinder, que está dando o que falar ultimamente, veio como um alerta. É preciso tomar muito cuidado na hora de conhecer pessoas online.

Ao longo de quase duas horas, a diretora Felicity Morris conta a história de “Simon Leviev”, um israelense que se diz filho de Lev Leviev, um magnata do ramo de diamantes. A partir de uma estratégia muito bem pensada, Simon engana mulheres que conhece no Tinder para extorquir dinheiro.

Primeiro, ele presenteia as vítimas com presentes caríssimos e se diz perdidamente apaixonado. Depois, alega que está sendo perseguido e não pode usar seus cartões de crédito. Assim, Shimon Hayut — o verdadeiro nome do golpista — conseguiu roubar, ao todo, mais de 10 milhões de dólares (R$ 52,3 milhões).

No Brasil, o Tinder é o aplicativo de namoro mais popular entre os adeptos da paquera online, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Pew Research Center. Além disso, o país é o segundo em número de usuários desse tipo de app, perdendo apenas para os Estados Unidos. Pensando nisso, o R7, então, procurou a empresa para saber quais as principais medidas de segurança para proteger os usuários de golpes como esse e de pessoas má intencionadas dentro da plataforma.

Segundo o Tinder, há diversos recursos dentro do próprio app que podem ajudar nesse sentido. Um deles é a Verificação por Foto, símbolo que indica que as imagens de perfil da pessoa são verdadeiras e foram verificadas pelo Tinder. Na recém-lançada seção “Explorar”, os membros também podem ter mais controle sobre quem eles conhecem, optando por ver somente perfis verificados. Outros recursos de segurança incluem a possibilidade de fazer chamadas de vídeo, bloquear contatos e denunciar membros em caso de comportamento suspeito.

“O Tinder leva a segurança de seus membros a sério e fica triste em saber de qualquer pessoa que tenha sido vítima de golpe ao buscar uma conexão real. Se um membro do aplicativo reportar qualquer comportamento online ou offline inadequado, a denúncia é cuidadosamente revisada e a ação necessária para banir o perfil suspeito da plataforma é tomada”, afirma.

A empresa ressalta ainda que o usuário nunca envie, sob nenhuma hipótese, dinheiro ou informações financeiras para outros membros do aplicativo — mesmo que a pessoa alegue estar em uma situação de emergência. E orienta: “caso isso aconteça, informe-nos imediatamente”. O alerta vale sobretudo para aqueles que afirmam ser do Brasil, mas alegam estar presos em outro lugar e pedem ajuda para voltar para casa.

Segurança durante os encontros

Tão importante quanto a segurança dos usuários dentro dos aplicativos de paquera é a segurança fora deles. Por isso, é fundamental tomar as escolhas certas na hora de conhecer algum pretendente — e saber agir com prudência em eventuais casos de perigo.

De acordo com o Happn, outro app de namoro, não é recomendável que os usuários compartilhem informações pessoais ou sensíveis sobre suas vidas pessoais nos primeiros encontros. Endereço, dados bancários, informações sobre vida financeira e bens são alguns dos dados mais valiosos para golpistas e pessoas má intencionadas.

Outras dicas da empresa incluem marcar o date em um lugar público, como um bar, avisar amigos ou familiares sobre o encontro, ir embora caso se sentir desconfortável e conhecer seus próprios limites.

“Esteja ciente dos efeitos do álcool e de qualquer outra substância em você, especificamente. Eles podem afetar seu julgamento e sua atenção. Se seu pretendente estiver tentando pressioná-lo a beber ou usar outras substâncias a mais do que seus padrões, seja firme e termine o encontro”, diz.

Pessoas estão mais vulneráveis

Para a psicóloga e sexóloga Sônia Eustáquia, a necessidade de dar e receber amor é algo natural para o ser humano. Entretanto, essa necessidade tende a aumentar em momentos angustiantes, como a pandemia. Por isso, nesse momento, todos estão um pouco mais vulneráveis.

Sônia lembra que, naturalmente, a crise sanitária fez com que o mundo migrasse do mundo “real” para o mundo virtual — atividades diárias do cotidiano, como estudar, trabalhar e até mesmo reunir com amigos passaram a ser feitas de forma remota. Da mesma forma, a paquera online também virou hábito para muitas pessoas. Mas, se não fossem os aplicativos de namoro, os oportunistas encontrariam outras maneiras de fazer vítimas.

“Uma pessoa pode, por exemplo, alugar um carro e mentir para as pessoas que é dele, pegar uma casa emprestada de um amigo e dizer que é dele e por aí vai. Não é difícil se passar por alguém que você não é — seja dentro ou fora das telas. Por isso, é preciso sempre ter um pé atrás com as pessoas que você conhece”, afirma.

Fonte: https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/apps-de-paquera-saiba-como-se-proteger-de-pessoas-oportunistas-12022022