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Secretário de Transportes de SP foi preso na Operação Dardanários

 O secretário de Transportes do Estado de São
Paulo, Alexandre Baldy, um dos presos durante a Operação Dardanários, da
Polícia Federal (PF), hoje (6) na capital paulista, disse por meio de sua
assessoria de comunicação que foi desnecessário e exagerado determinar uma
prisão por supostos fatos de 2013, ocorridos em Goiás, dos quais sequer
participou. A defesa disse que a medida é descabida e as providências para sua
revogação serão tomadas.
 
 “O secretário tem sua vida pautada pelo
trabalho, correção e retidão. Sempre esteve à disposição para esclarecer
qualquer questão, jamais foi questionado ou interrogado, com todos os seus bens
declarados, inclusive os que são mencionados nesta situação”, diz a nota.
 O governador de São Paulo, João Doria, disse
por meio de nota que os fatos que levaram as acusações contra Alexandre Baldy
não têm relação com a atual gestão no governo de São Paulo, motivo pelo qual
não há nenhuma implicação na sua atuação na Secretaria de Transportes
Metropolitanos. “Na condição de governador de São Paulo, tenho convicção de que
Baldy saberá esclarecer os acontecimentos e colaborar com a Justiça”, afirmou
Doria.
 Durante a operação foram cumpridos seis
mandados de prisão e 11 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo,
Goiás e Distrito Federal. Os alvos foram empresários e agentes públicos
suspeitos de fazer contratações irregulares para serviços públicos,
especialmente na área da saúde. Até as 7h de hoje, três pessoas já tinham sido
presas, de acordo com a PF.
 Os mandados da Operação Dardanários estão
sendo cumpridos nas cidades de Petrópolis (RJ), Goiânia, Brasília, São Paulo e
São José do Rio Preto (SP). A investigação é um desdobramento das operações
Fatura Exposta, Calicute e SOS, que tiveram o ex-governador Sérgio Cabral e
gestores de seu governo (2007 a 2014) como investigados. A PF informou que
também foram encontrados R$ 110 mil na residência de um alvo em Goiânia, mas
não disse de quem era a casa.
 Os investigados responderão pelos crimes de
corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, e após procedimentos
de praxe, serão encaminhados ao sistema prisional e ficarão à disposição da
Justiça. Os mandados judiciais, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio
de Janeiro, estão sendo cumpridos pela Delegacia de Repressão a Corrupção e
Combate a Crimes Financeiros, com apoio do Ministério Público Federal (MPF).

 Desdobramento

 De acordo com o MPF, a Operação Dardanários é desdobramento das
operac
̧ões Fatura Exposta e
SOS, que apuram desvios de recursos do estado do Rio
 de Janeiro repassados para Organização Social (OS) Pró-Saúde que administrou
diversos hospitais no Rio e em outros locais do país.

 O MPF informou ainda que a partir da
colaborac
̧ão premiada de
ex-diretores da OS, foi poss
ível
concluir como era feito o pagamento de vantagens indevidas para agentes que
pudessem interceder em favor dela nos recebimentos do contrato de gestão do
Hospital de Urgência da Região Sudoeste (HURSO), em Goia
̂nia, administrado pela Pró-Saúde entre
2010 e 2017.

 Conforme as investigações, para conseguir o
pagamento de valores não contabilizados, os gestores da OS à época criaram o
esquema de geração de caixa 2 na sede da Pró-Saúde. Os recursos eram obtidos
com o superfaturamento de contratos, custeados, em grande parte, pelos repasses
feitos pelo estado do Rio de Janeiro, que correspondiam a cerca de 50% do
faturamento nacional da OS, que saltou de aproximadamente R$ 750 milhões em
2013, para R$ 1 bilhão em 2014 e alcan
çando
R$ 1,5 bilhão em 2015.

 Ainda nas apurações, os investigadores notaram que, com o
sucesso do esquema, os agentes continuaram a intermediar os interesses dos
ex-diretores da Pró-Saúde para obter contratos da empresa recém-criada com
outros órgãos da administrac
̧ão
pública, em troca de pagamento de um percentual para vantagens indevidas. Foi
identificada a existência de um esquema de direcionamento de contratos da
Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg) e da Fundação para o
Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz).

 Os empresários colaboradores narraram que
conseguiram a contratac
̧ão de
servic
̧os da em razão do
comando ou da influe
̂ncia que os
investigados exerciam nos órgãos. Em troca, pagaram altas quantias de
dinheiro em espécie ou até mesmo por meio de depósitos bancários.

 “A Receita Federal e a UIF [antigo
Coaf] apontaram operac
̧ões
suspeitas que indicam a possibilidade de utilizac
̧ão do núcleo familiar de investigados
para ocultar os valores oriundos dos crimes de corrupc
̧ão, peculato e organização criminosa. Foram ainda identificadas
inconsistências nas informac
̧ões
fiscais dos investigados
,
informou o MPF.

 A 7ª
Vara Federal Criminal do Rio
 de
Janeiro, atendeu o pedido do MPF de bloqueio de bens em valores que ultrapassam
R$ 12 milhões, al
ém dos mandados de
prisão e de busca e apreensão.

 A Pró-Saúde começou a administrar hospitais
no estado do Rio de Janeiro no final de 2012 e início de 2013,
época em que seus gestores aderiram à organizac
̧ão criminosa liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral, conforme foi denunciado na
Operac
̧ão SOS. Para o MPF, o
esquema era com os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita, e o então,
secretário de saúde S
érgio
C
ôrtes. A propina, equivalente a 10% dos
contratos da OS com os seus fornecedores, era entregue aos empresários, que
controlavam todo o esquema.
 Entre os agentes beneficiados com os desvios
do dinheiro público repassado à OS Pró-Saúde, estão alguns dos investigados
da Operac
̧ão Dardanários,
deflagrada nesta
 quinta-feira.
Foto: Marcelo
Camargo