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Steven Velásquez e Alexis Granados cobram o equivalente a R$ 210 para guardar um lugar do lado de fora de qualquer loja em Upland, na Califórnia, na noite anterior à Black Friday
Todo mês de novembro, logo depois do Dia de Ação de Graças, milhares de pessoas fazem fila durante a madrugada na frente de lojas que vendem roupas ou eletrodomésticos — para citar alguns produtos — nos Estados Unidos.
Essa é uma cena típica da Black Friday para quem tenta conseguir as melhores ofertas no dia de liquidações mais popular do ano.
Essa prática também começou a ser vista nos últimos anos em muitos outros países da Europa e América Latina, inclusive no Brasil.
Mas nem todos os compradores querem fazer o sacrifício de acampar numa época em que grande parte dos Estados Unidos registra baixas temperaturas.
É por isso que um casal americano viu a oportunidade de fazer negócios e se oferecer para passar a noite toda na fila e reservar lugares para quem deseja pegar as melhores ofertas.
“Meu marido tem ideias geniais quando o assunto é dinheiro”, diz Alexis Granados sobre seu companheiro Steven Velásquez, que recentemente perdeu o emprego em uma empresa de reciclagem.
Cada um deles cobra US$ 50 (cerca de R$ 210) por um lugar do lado de fora de qualquer loja em Upland, na Califórnia, na noite anterior à Black Friday, que acontece nesta sexta-feira, 29 de novembro.
Cobrar para ficar em filas não é algo novo, mas faz parte de um fenômeno crescente no que é comumente conhecido como economia “gig” — algo semelhante a um “bico”.
No Reino Unido, por exemplo, sites como Task Rabbit e Bidvine anunciam serviços de trabalhadores autônomos que podem ganhar entre 15 e 20 libras (R$ 82 a R$ 110) por fila.
Enquanto isso, o Placer, um aplicativo disponível nos EUA, foi criado apenas para atender a pessoas que estão ocupadas demais para ficar na fila e estão dispostas a pagar para que outras pessoas façam isso por elas.
Dinheiro ‘fácil’
Estima-se que 165,3 milhões de pessoas farão compras em lojas nos Estados Unidos entre sexta-feira e a próxima segunda, de acordo com a Federação Nacional do Varejo americana.
O casal da Califórnia diz que esse trabalho os ajudará a fechar as contas do mês.
Eles dizem que procuram empregos mais tradicionais, mas, por enquanto, se contentam em encontrar empregos menos comuns onde e quando podem.
Eles também reconhecem que não faziam isso no passado.
“Tenho certeza de que não será a nossa última vez. Na verdade, trata-se de dinheiro fácil quando você reflete”, diz Alexis Granados.
O casal tem um carro, no qual pode se proteger das baixas temperaturas, se revezando durante o tempo de espera.
Eles publicaram o serviço de filas que oferecem nas redes sociais e diversas pessoas demonstraram interesse.
Ambos garantem um bom lugar na fila e, se o cliente não ficar satisfeito, eles dizem que não cobrarão pelo serviço.
“Nós morávamos na rua, então, não é realmente um sacrifício para nós”, diz Granados, enfatizando mais uma vez que o dinheiro significa muito para eles.
Atualmente, o jovem casal, que tem cerca de 20 anos, tem assistência habitacional do Estado — que os ajudou a sair das rua.
“Foi um passo importante para nós e nos ajudou a crescer como adultos”, conta Granados.
Assistência habitacional nos EUA é oferecida a pessoas de baixa renda que precisam de ajuda para encontrar onde morar.
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Fonte: R7