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Inaléia Ferreira tem apoio de mulheres de seu projeto social em Cuiabá

 As mãos de Inaléia Ferreira estão em plena
atividade, só que, desta vez, não é nos ringues de muay thai, onde, há um ano,
sagrou-se campeã mundial na Tailândia, país que criou a modalidade. Em meio à
pandemia do novo coronavírus (covid-19) que parou o esporte ao redor do mundo,
a lutadora começou a produzir máscaras de pano para doação e prevenção à doença
em Cuiabá.
 “Doamos para a nossa comunidade. Agora, elas vão
para os idosos e o pessoal da linha de frente da saúde do pronto socorro”,
explica a campeã mundial à Agência Brasil.
 O “doamos” é porque Inaléia não está sozinha.
Duas mulheres de um projeto social que realiza em seu centro de treinamento, no
bairro Três Poderes, na capital mato-grossense, ajudam a produzir as máscaras.
O projeto, que começou no ano passado, tem aulas gratuitas de muay thai para
crianças carentes da comunidade, de cinco a 14 anos, e de costura para as mães.
 Sentar à máquina de costura não é novidade ou
dificuldade para Inaléia. “Sempre foi uma paixão. Quando era criança, cortava
os lençóis da minha mãe e costurava tudo à mão, bem feitinho. Aprendi na raça”,
recorda a lutadora, que em 2010 abriu a própria fábrica de roupas, no local onde
atualmente é seu centro de treinamento.
 O muay thai surgiu cinco anos depois, pouco
antes de um acidente automobilístico. O que iniciou apenas para emagrecimento
(ela perdeu 35 quilos em oito meses de treino) conquistou o coração da
costureira, que começou a competir. “Sempre gostei de esporte de contato, como
boxe. Assistia muito ao Mike Tyson com meu pai. Mas, meu esposo não aceitou
essa competição e me expulsou de casa”, conta.
 Inaléia passou a morar na fábrica. Porém,
manter o negócio de forma paralela à carreira nos ringues ficou difícil
financeiramente, e no ano passado ela precisou fechar a empresa. No mesmo
local, criou o centro de treinamento do projeto que atende a criançada e às
mães: “Meu sonho era ajudar não só as crianças, mas o lar. Como tinha
conhecimento de costura e modelagem, comecei a treinar essas mães, que, na
maioria dos casos, não têm como trabalhar fora e cuidar dos filhos”.
Foto: Divulgação