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Além de causar um tipo específico
de cefaleia, sobrecarga no ombro pode desencadear processos inflamatórios e
dores na região cervical
Fernando Mellis, do R7
 20/11/2019 –
Com o tempo, bolsa pesada
prejudica região do ombro e pescoço
O simples hábito de carregar uma
bolsa pesada diariamente é um fator de risco para que as mulheres desenvolvam
um tipo específico de dor de cabeça: a cefaleia cervicogênica.
O médico ortopedista Ivan Rocha,
especialista em coluna do IOT (Instituto de Ortopedia e Traumatologia), ligado
ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica como isso
ocorre.
“Na cefaleia cervicogênica,
você tem uma tensão na musculatura cervical posterior, ela fica enrijecida. E a
gente tem alguns nervos, sendo que um deles passa no meio dessa musculatura e
dá sensibilidade para a parte posterior do crânio. Quando você tem uma
contratura dessa musculatura, provoca essa cefaleia.”
A cefaleia cervicogênica pode ser
confundida com uma enxaqueca, mas a origem da dor é no pescoço, embora seja
percebida na cabeça.
Rocha acrescenta que não precisa
ser apenas uma bolsa e que qualquer pessoa que carregue peso está sujeita a ter
esse tipo de dor de cabeça.
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subir escada? Excesso de peso pode ser a causa
Além da cefaleia cervicogênica, o
excesso de peso nos ombros pode levar ainda a um problema chamado de entesite —
inflamação no entésio, local onde os ligamentos, tendões e a cápsula que
protege as articulações se conectam com o osso. Temos centenas de entésios,
inclusive na região dos ombros e pescoço.
“Se a gente avaliar os
problemas posturais em relação ao uso de um peso de um lado só, acarretaria em
contratura muscular, tensão muscular para que aquilo fosse sustentado. E aí
entra o desenvolvimento de processos inflamatórios”, observa o médico. O
resultado são dores na região cervical e nas costas.
Embora seja consenso de que muito
peso de um único lado do corpo possa desencadear problemas, não há estudos
científicos que atestem o quanto é seguro para uma mulher carregar. Rocha
ressalta que se a bolsa tiver 10% do peso da mulher, já é muito.
O especialista alerta que as
mulheres são mais propensas a ter dores em geral e que essas dores tendem a se
tornar crônicas com mais frequência. “Além de ser mais frágil do ponto de
vista muscular, a mulher é mais sobrecarregada, muitas têm dupla jornada, filhos.”
A principal recomendação do
médico é que mulheres evitem carregar tudo o que precisam em uma única bolsa e
optem por uma mochila, que divide o peso nos dois lados das costas.
Mas o mais importante, afirma, é
a atividade física regular e não muito intensa. “Ela desenvolve melhor a
musculatura, proporcionando menor chance de cronificação da dor e, quando tem
dor, é mais suave a passa mais rápido.”