Para explicar esse fenômeno, o vice-presidente da CrowdStrike para América do Sul, Jeferson Propheta, destacou a dificuldade econômica das empresas para investir na capacitação de profissionais. “É fundamental que empresas invistam na capacitação de seus times, mas também em ferramentas que sejam aliadas ao trazer ganhos de produtividade e aumentar o poder de eficácia das equipes de cibersegurança”, afirma.
O especialista em cibersegurança atenta, também, que as perdas financeiras causadas por incidentes cibernéticos foi uma das causas que aumentou a oferta de vagas na área. “Os atacantes estão se aprimorando cada vez mais e quem atua protegendo pessoas e empresas também precisa se reinventar constantemente. Mesmo tendo mais de 20 anos no setor, eu sinto isso na pele todos os dias”, observa.
Perspectivas
Com a introdução de tecnologias, como a inteligência artificial (IA), o setor de cibersegurança no Brasil tende a crescer ainda mais, com os mesmos desafios da escassez de profissionais qualificados. Para quem tem interesse em ingressar na área, o especialista e coordenador do curso de cibersegurança da Cruzeiro do Sul Virtual, Vagner da Silva, descreve as atividades de um cibersegurança. “Somos responsáveis por proteger os sistemas, redes, dados e infraestrutura de tecnologia da informação de uma organização com o objetivo de mitigar o sucesso das ameaças digitais. Esse trabalho envolve a identificação de vulnerabilidades, o desenvolvimento de estratégias de defesa e a implementação de um conjunto de soluções de segurança”, explica.
Propheta menciona diversas áreas em que profissionais de cibersegurança podem atuar, incluindo a engenharia de segurança, dedicada à identificação e correção de vulnerabilidades em sistemas; o gerenciamento de riscos, que avalia e mitiga potenciais ameaças; a segurança de aplicações e redes, focada na proteção contra ataques direcionados a softwares e redes; e a ciber inteligência, que se ocupa da coleta e análise de informações sobre ameaças cibernéticas. Entre as disciplinas, ele destaca o Threat Hunting (Caça a Ameaças), como a mais importante, prática que visa à detecção proativa de ameaças ocultas, explorando ambientes digitais em busca de atividades maliciosas.
Profissional de segurança da informação há mais de 10 anos e estudante de cibersegurança, José Ricardo de Oliveira, 54 anos, também espera um crescimento significativo do setor nos próximos anos, e atribui isso ao avanço, também, das estratégias fraudulentas. “Devido à crescente sofisticação dos ataques cibernéticos e à necessidade de proteger dados sensíveis e ativos de informação nas empresas, a demanda tem crescido”, observa, ressaltando a importância de capacitações constantes na carreira. “O curso tem sido fundamental na atualização profissional e operacional, permitindo que acompanhe a evolução das ameaças”, diz.
Já aluna do curso de cibersegurança da Cruzeiro do Sul Zenaide de Carvalho Souza, 39, comenta sobre as mudanças do mercado de trabalho e a valorização do profissional, sob a ótica feminina. “A cibersegurança está mais especializada e bem detalhista, as mulheres estão buscando autonomia e diversidades no ambiente profissional, trazendo uma evolução e empoderamento para as mulheres”, disse. Sobre os motivos que levaram a escolha do curso, Zenaide, enfatizou que gosta de “investigar, controlar e gerenciar acessos, pesquisar acessos ‘desconhecidos’ e situações supostamente suspeitas.
Futuro da profissão
Sobre os rumos e desafios futuros da profissão no Brasil, Jeferson Propheta acredita que a área está passando por uma “transformação profunda”, e cita, como consequência da escassez de profissionais qualificados em cibersegurança, a dificuldade das empresas em detectar e responder a ameaças de forma rápida e eficaz, aumentando o tempo de resposta a incidentes e a exposição a riscos. “Para enfrentar esses desafios, as empresas devem investir em soluções de segurança de última geração, capacitar seus colaboradores, estabelecer parcerias estratégicas e criar uma cultura de cibersegurança”, aponta.