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A restrição no atendimento do serviço público levou a população a procurar a rede privada
 No mês de
julho, Maria Conceição da Silva, trabalhadora do polo Industrial de Manaus,
procurou a Unidade de Saúde Básica (UBS), no bairro onde mora – São José II,
com fortes dores de dente. O dentista, seguindo a orientação da prefeitura de
Manaus de não atender para evitar o contágio, limitou-se a prescrever remédio
para a dor e recomendou que procurasse um Serviço de Pronto Atendimento (SPA).
 A jovem
seguiu a orientação e conseguiu arrancar um dente no SPA da Cidade Nova, mas
ele não era o único em mal estado. Como a rede estadual concentra-se, neste
momento, apenas no atendimento de urgência e emergência e Maria precisava de
tratamento eletivo, teve de recorrer a uma clínica particular para voltar a
dormir e comer em paz.
 O caso de
Maria não é o único. Ela integra um grande grupo de pessoas que foram obrigadas
a recorrer à rede particular odontológica para resolver problemas ligados à
saúde bucal neste período de pandemia.
 A clínica
do cirurgião-dentista, Mike Ezequias, que atendida, em média, de 10 a 12
pacientes por dia em cada um dos cinco consultórios registrou crescimento de
mais de 60% na demanda por tratamento odontológico. “O número de pessoas, que
procura nossa clinica passou para 15, até 20 pessoas por consultório.  São pacientes com cáries, que precisam de
tratamento de canal e outros problemas odontológicos que causam extremo
desconforto”, relatou o profissional.
 O
atendimento de urgência 24 horas também está movimentado. O fluxo de pacientes
aumentou mais de 70% o que levou a clínica a estruturar um sistema de plantão
de profissionais que são acionados tão logo um paciente entre em contato
solicitando atendimento por meio dos telefones divulgados nas mídias sociais.
“Recebemos pacientes da cidade inteira. A divulgação de que estamos atendendo a
qualquer dia e horário tem atraído uma nova carteira de clientes. Como a
maioria tem um poder aquisitivo baixo, tive de fazer uns ajustes operacionais
para garantir o atendimento assim como o faturamento da clínica”, explicou Mike
Ezequias.
 A clínica
facilitou o pagamento no cartão de crédito. Aumentou o número de parcelas e
também postergou o início do pagamento para datas próximas ao recebimento do
salário dos clientes.
 Seguindo as
recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o
proprietário reforçou os protocolos de segurança para garantir a saúde dos
pacientes e dos funcionários. As consultas são agendadas de forma a evitar
concentração na recepção, os ambientes são descontaminados após cada
atendimento e o uso dos equipamentos Individuais de proteção (EPI) foram
intensificados com a introdução de mais barreiras como o uso do protetor facial
tanto pelo dentista quanto pelas atendentes do consultório.
 Conselho Regional de Odontologia
 O Conselho
Regional de Odontologia do Amazonas (CRO-AM) explicou que o atendimento
odontológico eletivo (que pode ser postergado para uma nova data) foi suspenso
para evitar a contaminação pelo coronavírus na fase mais aguda da proliferação
do vírus. “O atendimento, que não é de urgência foi suspenso pelo decreto
governamental. Na rede privada, ele retornou agora a normalidade porque a
Odontologia foi considerada serviço essencial”, explicou o presidente do
CRO-AM, Hugo Seffair.
 Ele
esclareceu ainda que o conselho não dispõe de dados sobre o aumento  na procura por atendimento odontológico na
rede privada em decorrência da pandemia pelo coronavírus, mas que a situação
não pode ser considerada atípica. “Mesmo nos momentos em que não há pandemia
acontece a migração do paciente de uma rede para outra. Quando o paciente busca
muitas vezes o serviço público e não consegue o atendimento, naturalmente, ele
recorre ao atendimento particular porque, normalmente, está com dor. A pandemia
complicou, exacerbou e a situação ficou mais evidente. A ausência do
atendimento público fez com que crescesse o atendimento particular. Não temos
como quantificar nem tipificar o atendimento porque os profissionais não nos
informa esses dados”, esclareceu Hugo Seffair.
 O
presidente recomendou que neste momento de grande busca por profissionais   as pessoas sejam cuidadosas e seletivas a
quem vão entregar sua saúde bucal. O CRO-AM conta com mais de 9.500 profissionais
inscritos entre cirurgiões, técnicos e auxiliares. No entanto, há no mercado
amazonense muitas pessoas atuando como profissionais da área sem qualificação
para tal. “As pessoas devem procurar o conselho para saber se o profissional é
qualificado, gabaritado e registrado no Conselho Regional de Odontologia.
Recebemos denúncias, queixas, reclamações pelo celular quase todos os dias.
Quem tiver dúvidas deve ligar para o número 99618.8148 antes de se submeter a
um tratamento. Uma simples dor de dente pode se tornar algo mais sério, até
irremediável, dependendo da situação”, alertou.
Fonte e Foto: Divulgação