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Desde março, tudo mudou: o banco colocou 32 mil trabalhadores para trabalhar de casa
 O coronavírus forçou mudanças mesmo nas
empresas mais tradicionais do País. O Banco do Brasil resistiu por anos ao home
office. No início de 2020, antes do início da pandemia de covid-19, a
instituição financeira tinha um total de 257 pessoas de seus 93 mil
trabalhadores trabalhando de casa (menos de 0,3%) Desde março, tudo mudou: o
banco colocou 32 mil trabalhadores para trabalhar de casa. Agora, essa
experiência em larga escala vai se traduzir em uma economia de R$ 1,7 bilhão em
12 anos, com a devolução de 19 de um total de 35 edifícios de escritórios que o
BB hoje ocupa em sete Estados e no Distrito Federal.
 De acordo com o vice-presidente corporativo do
BB, Mauro Ribeiro Neto, o programa internamente apelidado de Flexy, que previa
a modernização dos escritórios da instituição, estava sendo estruturado desde
2019, mas ganhou novo significado e mais velocidade durante a pandemia. O
executivo diz que o banco, a exemplo de milhares de outras empresas, foi
obrigado a testar o modelo remoto. A avaliação foi de que os resultados foram
positivos e deixaram a proposta de transformação de espaços corporativos ainda
mais ousada.
 A redução de espaço será profunda e vai afetar
as grandes áreas corporativas do BB – o Flexy, por ora, não está sendo aplicado
a agências ou a pequenos escritórios espalhados pelo País. Do total de 5
milhões de metros quadrados de área locada do banco, 750 mil metros incluem
escritórios de maior porte em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia,
Ceará, Minas Gerais, Paraná e Pernambuco, além do Distrito Federal. Com a
aposta de longo prazo no home office, 38% desses espaços, ou 290 mil metros
quadrados, serão devolvidos, segundo o executivo.
 Restarão 16 grandes edifícios corporativos
nessas localidades. “Vamos nos concentrar nas lajes de maior porte, que
permitem uma aplicação maior do escritório de conceito aberto”, explica
Ribeiro Neto. No redesenho dos espaços corporativos, o BB vai ficar mais
parecido com os modelos associados a empresas de tecnologia: saem as estações
de trabalho individuais e entram os espaços compartilhados; as salas de reunião
ficam mais flexíveis, priorizando grupos menores; e o escritório ganha armários
para que os funcionários guardem pertences pessoais, que devem ser levados para
casa ao fim de cada expediente.
 Por trás da mudança de perfil dos escritórios,
que vai custar um total de R$ 500 milhões, deverá ser iniciada este ano e
concluída em 2022, está também uma meta de economia: entre cortes de custos com
aluguéis e manutenção, o BB prevê uma redução de gastos anual na casa de R$ 185
milhões. Em 12 anos, já descontados os valores gastos com a reforma, a economia
não será nada desprezível: R$ 1,7 bilhão.
 Muitas
empresas estão buscando espaços mais flexíveis para o período pós-pandemia, uma
vez que ficou claro que o home office é uma possibilidade a ser considerada. No
BB, cerca de 30% dos trabalhadores – ou mais de 30 mil pessoas – vão continuar
a atuar parcialmente de casa mesmo depois que a pandemia estiver controlada.
“A medição de produtividade por permanência no escritório é coisa do
passado. Precisamos deixar isso para trás”, diz o vice-presidente do
banco.

 Tendência

 Segundo Fábio Maceira, presidente da JLL,
companhia que administra espaços corporativos, as grandes empresas vão
inevitavelmente repensar a função de seus escritórios no pós-pandemia. Tanto é
assim que algumas companhias proprietárias de imóveis corporativos já começam a
flexibilizar os contratos de aluguel para permitir permanências mais curtas.
Muitos clientes, de acordo com o especialista, deverão optar por contratos mais
flexíveis por algum tempo para medir com exatidão se precisam mesmo de todo o
espaço que atualmente ocupam.
Foto: Junior Silgueiro