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Acusado de manter a esposa e suas duas filhas em cárcere privado por mais de 20 anos em Valença, no interior do Rio, José do Carmo João, de 60 anos, foi preso na manhã de domingo. De acordo com Flávio de Almeida Narcizo, delegado titular da unidade policial que investiga o caso, João estava escondido na mata no município de Valença há dias. Após sentir fome e medo de uma onça que rondava o seu esconderijo, ele se entregou à polícia.Ainda segundo Narcizo, além de ser suspeito de manter sua família em cárcere privado, João do Carmo era considerado foragido desde 2005, por torturar e matar uma pessoa.

No último dia 30, a polícia chegou à casa onde as mulheres eram mantidas em cárcere privado após uma denúncia de um homem que disse ter sido ameaçado por José do Carmo. Ele fugiu antes da chegada dos agentes. Agentes da 91ª DP (Valença) também fizeram buscas na região da mata do município.

As vítimas têm 48, 25 e 19 anos. A filha mais nova nasceu na casa onde era mantida presa e nunca teria visto a rua. A mais velha nasceu em Barra do Piraí, quando o pai ainda não estava foragido. O delegado afirma que, como as filhas nunca tiveram contato com outras pessoas, elas achavam que a situação era normal.

Após o resgate, a mãe foi acolhida por sua irmã, assim como suas filhas. Ela acreditava que a vítima estava morta há anos, já que nunca mais teve notícias.

José do Carmo também já foi acusado de matar um homem a pauladas. O crime aconteceu no dia 24 de junho de 2001, em Barra do Piraí, a cerca de 35 quilômetros do município onde a família foi encontrada presa. Ele foi indiciado em 2006, por homicídio qualificado por motivo fútil. Segundo as investigações, Itamar Oliveira de Souza foi morto depois de uma discussão.

Segundo o processo, José era adversário de Antonio Carlos em um desafio. Após ser derrotado, começou a agredi-lo. Itamar, que era amigo do agredido, foi morto ao tentar intervir. Segundo a apuração da Polícia Civil, um pedaço de madeira foi usado para matar a vítima de forma cruel. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o crime foi cometido “mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima”.

O documento aponta ainda que foi causado “sofrimento desnecessário e atroz” a Itamar, que levou violentos golpes na cabeça. A prisão preventiva do acusado foi decretada pela Justiça em setembro de 2007, quando foi entendido que sua liberdade poderia “colocar em risco eventual aplicação da lei penal” e “ofender a ordem pública”.

Fonte: Extra