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Novo gabinete será anunciado nos próximos dias

 O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte,
que renunciou ao cargo na semana passada, recebeu nesta quinta-feira (29) a
incumbência de formar um novo governo, um dia após a confirmação de uma nova
coalizão entre o populista e eurocético Movimento Cinco Estrelas (M5S) e o
Partido Democrático (PD), de centro-esquerda. Novo gabinete será anunciado nos
próximos dias.
 As duas legendas, que viveram uma rivalidade
ferrenha durante anos, vão agora governar juntas após o fracasso da coalizão
entre o M5S e a ultradireitista Liga, de Matteo Salvini. Bem avaliado nas
pesquisas, Salvini anunciou o fim da coalizão na tentativa de convocar novas
eleições. A jogada política, no entanto, fracassou.
 Em seu discurso, Conte afirmou que entregará
nos próximos dias ao presidente italiano, Sergio Mattarella, uma lista de nomes
para compor o novo ministério. 
 Ele ainda prometeu que este será um
“governo de mudanças”. “Precisamos transformar esta crise em
oportunidade”, declarou, assegurando que a Itália voltará a ser um dos
principais poderes na Europa, após 14 meses do governo populista e eurocético
do M5S e a Liga.
 “Este é o tempo de uma nova estação, uma
grandiosa nova estação de reformas, de reinício, de esperança, de dar ao país
algumas respostas e certezas”, afirmou. Conte disse querer uma Itália
“mais justa, competitiva, unida e inclusiva”. O tom adotado no
discurso já apresenta diferenças significativas em relação ao governo anterior.
 “Temos que recuperar o tempo perdido para
que a Itália possa ter o papel de liderança [na União Europeia] que um dos
países fundadores merece”, destacou o premiê.
 Conte avalia que o país, atolado em dívidas,
atravessa “uma fase muito delicada”, com a desaceleração da economia
europeia e as tensões no comércio internacional, principalmente entre os
Estados Unidos e a China.
 O premiê afirmou que começará a trabalhar
imediatamente em um orçamento que possa se contrapor ao aumento nos impostos
sobre valor agregado (IVA), proteger as poupanças e prover perspectivas sólidas
de crescimento e desenvolvimento social.
 As prioridades da nova coalizão incluem
melhorar a infraestrutura, fortalecer as energias renováveis e combater a
sonegação fiscal. Conte, no entanto, evitou mencionar a questão da imigração, a
grande obsessão política de seu ex-parceiro Salvini.
 Em 8 de agosto, Salvini retirou a Liga da
coalizão de governo e exigiu a convocação de novas eleições, na certeza de que
seu partido venceria o pleito e ele seria indicado para o cargo de
primeiro-ministro. Seu ex-parceiro de governo, porém, conseguiu evitar esse
cenário ao se aliar com um inimigo comum de ambos, o Partido Democrático.
 Após sua renúncia, Conte, um professor de
direito de 55 anos, permaneceu na chefia de governo em caráter provisório.
Depois de confirmada a coalizão M5S-PD, ele recebeu do presidente Mattarella o
mandato para formar um novo governo, ao ser indicado pelas duas legendas como o
novo primeiro-ministro.
 Mattarella correu para encontrar uma solução
para a crise política que se instalara, com o país atolado em dívidas e sob
pressão para aprovar o orçamento nos próximos meses. A ausência de um governo
poderia gerar efeitos graves na economia que levariam o país à recessão.
 Após ver fracassar sua estratégia para chegar
ao poder, o líder da Liga teceu duras críticas à nova coalizão, afirmando que
“nasceu em Bruxelas para se livrar daquele chato do Salvini”. Ele
disse que o novo governo se alimentará de sua narrativa populista e alegou não
ter pressa para voltar ao poder, confiante de que seu partido vencerá as
próximas eleições.
 A nova coalizão tem enorme potencial para ser
tão atribulada quanto a anterior, considerando a longeva e espinhosa rivalidade
entre os dois partidos que a compõem.
Fonte: Agência
Brasil
Foto: Yara
Nardi