TCE
A demissão foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (13/7)
 Na semana seguinte à divulgação de dados de
desmatamento da Amazônia que contrariam o discurso do governo de Jair
Bolsonaro, feito a empresários e fundos de investimento internacionais que
exigem medidas eficientes de preservação do meio ambiente, a pesquisadora
responsável pelo trabalho de monitoramento do devastação florestal no Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi exonerada. 
 A demissão de Lubia Vinhas, coordenadora-geral
de Observação da Terra do  Inpe,
departamento responsável pelos sistemas Deter e Prodes, que acompanham o
desmatamento da Amazônia, foi publicada no Diário Oficial da União desta
segunda-feira (13/7), assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos
Pontes. Procurada pelo Correio, a pasta ainda não respondeu.
 Na sexta-feira passada, o Inpe atualizou dados
referentes ao desmatamento da Amazônia em junho, em ritmo crescente. Os alertas
mostraram devastação de 1.034,4 km², 11% acima do mesmo mês de 2019. A exemplo
do que fez no ano passado, quando demitiu o então presidente do Inpe Ricardo
Galvão, o governo segue na linha de “matar o mensageiro” em vez de combater o
desmatamento.
 Para o secretário-geral do Observatório do
Clima, Márcio Astrini, a demissão é preocupante. “Temos receio de que o governo
comece a desmontar o Inpe, com a estratégia de colocar em dúvida a capacidade
do órgão de gerar dados, para poder colocar em dúvida os dados gerados, que não
agradam o governo. Esse governo, quando não gosta da verdade, tenta
obstruí-la”, disse.
 Astrini alertou que o Inpe é referência
absoluta global em monitoramento de florestas. “Ninguém tem, no mundo, um
sistema tão refinado quanto o do Inpe”, explicou. O OC vai continuar municiando
o Congresso Nacional de informações para que os parlamentares possam cobrar do
governo ações efetivas de combate. “Estamos processando o governo em várias
áreas, mas é sempre muito difícil mandar fazer o que não quer”, ressaltou.
“Queremos saber o motivo da demissão”, concluiu.
 “Em face dos resultados negativos da política
ambiental brasileira, que têm trazido impactos seríssimos para a floresta, seus
povos, e também para a imagem e economia brasileira, tudo indica que, o governo
decidiu, mais uma vez, por culpar o mensageiro. A demissão da pesquisadora do
Inpe não surpreende, seguida de tantas outras demissões de servidores técnicos
e competentes, nos dá novamente a entender que o governo é inimigo da verdade.
Mas não será escondendo, passando uma maquiagem nos dados ou investindo em
propaganda que o governo irá mudar a realidade. E isso acontece por uma razão
bem simples: Bolsonaro não quer mudar os rumos da sua política, afinal, a
destruição é o seu projeto do governo”, comentou Luiza Lima, porta-voz de
Políticas Públicas do Greenpeace. 
 “Mas nós iremos seguir mostrando a verdade,
mesmo o governo tentando escondê-la. Hoje mesmo, junto com Observatório do
Clima e ClimaInfo, o Greenpeace lança a atualização da Linha do Tempo Governo
da Destruição”, acrescentou.
Foto: Divulgação