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Testes serão ampliados a todos os setores considerados essenciais

 As
autoridades de saúde da Espanha pretendem, nos próximos dias, ampliar os
testes para o controle da infecção pelo novo coronavírus a todos os
setores considerados essenciais. Milhões de testes
serão distribuídos pelas diferentes comunidades do país. O objetivo é
encontrar infetcados assintomáticos, que são também agentes de contágio.
 Trabalhadores
da saúde, funcionários de lares de idosos, agentes das forças de segurança,
motoristas, trabalhadores do ramo da alimentação constituem “um fluxo de
transmissões silenciosas do coronavírus”, diz a versão online do
jornal espanhol El País. É sobre esses profissionais que incidem as
atenções do governo.
 A Espanha
registra mais de 12 mil mortes pela covid-19, mas é
observada uma tendência de redução de casos.
 De acordo
com o diário, são duas as linhas de ação. O plano passa por conduzir
testes em massa que permitam localizar esses casos assintomáticos. Depois, será
necessário preparar estruturas de isolamento, evitando assim o contágio de
pessoas próximas.

 Nesse domingo (5), o presidente do
governo espanhol, Pedro Sánchez, pediu aos chefes de executivos
municipais que encaminhem a Madri, até 10 de abril, uma lista de
instalações públicas e privadas que permitam alojar infectados sem
necessidade de hospitalização, incluindo os denominados “positivos
assintomáticos”.

 Fernando Grande-Marlaska, ministro
espanhol do Interior, destacou que será levado em conta o
aconselhamento médico nessa estratégia de confinamento. Mas não excluiu a
possibilidade de o governo tornar a prática obrigatória.

 Para ele, uma adesão voluntária, se
necessária, poderia ocorrer, mas se não acontecer, seriam estudadas todas as
opções legais, porque o princípio fundamental é manter a saúde pública.
“Com estrito respeito aos direitos fundamentais”, disse o
governante.

 Arcas de Noé

 O sistema
imita, de certa forma, o dispositivo chinês das chamadas “arcas de Noé”,
hospitais que as autoridades do país asiático destinaram ao isolamento de
casos mais leves da infecção pelo novo coronavírus, contendo assim a sua
propagação.

 María José Sierra, do Centro de
Coordenação de Aletas e Emergências Sanitárias, disse que a próxima fase de
resposta à pandemia, na Espanha, passa pelo controle precoce e o
isolamento de todos os casos, com ou sem sintomas iniciais.

 “Às vezes, não se pode fazer
isso nos domicílios. Estão em cima da mesa todos os tipos de opções e uma
seria algum de tipo de instalação”, afirmou.

 Os testes em massa para os serviços
considerados essenciais vão começar a ser implementados nesta semana.

 Para pôr em prática a medida, o
governo de Sánchez diz ter destinado 5 milhões de testes sorológicos,
que detectam anticorpos no sangue e apresentam uma sensibilidade de 64% na fase
de sintomas iniciaise de 80% no sétimo dia da infecção pelo novo coronavírus.
Constituem um complemento aos testes PCR (proteína C-reativa), “a base da
estratégia”, segundo Madri.

 A hospitalização obrigatória
prevista na lei e pode ser adotada mediante aprovação de um juiz. A
prática já foi empregada em várias ocasiões nas últimas duas décadas
na Espanha, com pacientes de tuberculose multirresistente. É a Lei de
Medidas Especiais de Saúde Pública, datada de 1986, que estabelece
a possibilidade em caso de “perigo para a saúde da população”.

 A cidade chinesa de Wuhan, ponto de
origem da pandemia, teve um total de 16 hospitais Arca de Noé em
funcionamento. Essas estruturas, instaladas em pavilhões desportivos ou centros
de conferência mantiveram internadas 13 mil pessoas. Os últimos dois foram
fechados no dia 10 de março.

 A Espanha é o segundo país do mundo com
mais casos de infecções pelo novo coronavírus – um total de 130.759. O número
de mortes era, nesse domingo (5), de 12.418.

Foto: Sergio Perez