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CPI do INSS tem na pauta convocações que miram governos Lula e Bolsonaro e pedidos de acesso às investigações sobre fraudes

Colegiado deve analisar pedidos de depoimento de ex-ministros e ex-presidentes do INSS; base e oposição disputam narrativa sobre origem do escândalo

A CPI do INSS se reúne nesta terça-feira com uma pauta extensa de requerimentos que podem acirrar o embate entre governo e oposição. Entre os itens listados para análise estão pedidos de acesso às investigações sobre as fraudes e convocações de ex-ministros e ex-presidentes do instituto que atravessam diferentes gestões, atingindo os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.

O relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), apresentou requerimentos para ouvir Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência de Lula até maio deste ano, e Carlos Gabas, que chefiou a pasta nos governos petistas anteriores. Também estão na pauta nomes ligados ao bolsonarismo, como José Carlos Oliveira, último ministro do Trabalho e Previdência de Bolsonaro, além de uma série de ex-presidentes do INSS que se revezaram no comando da autarquia desde 2012 — entre eles Renato Rodrigues Vieira, Alessandro Stefanutto, Glauco Wamburg e Guilherme Serrano.

A relação inclui ainda técnicos de órgãos de controle e investigação, como Polícia Federal e Controladoria-Geral da União (CGU), instituições que estiveram à frente das apurações. Não há garantia, porém, de que todos os pedidos sejam votados amanhã: a prática na comissão é que acordos de bastidores possam priorizar alguns requerimentos e adiar outros.

Além das convocações, a comissão deve analisar requerimentos que pedem acesso a inquéritos da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República, além auditorias da CGU e do Tribunal de Contas da União (TCU), relatórios do Conselho Nacional de Previdência Social e processos internos do INSS e do ministério desde 2015. Há ainda solicitações de cessão de servidores de órgãos como Receita, Banco Central, CGU e Polícia Federal para compor a equipe técnica da CPI.

Estratégia governista

 

Depois de perder a presidência e a relatoria da CPI, o Planalto tenta reorganizar sua tropa de choque. A linha traçada pelo governo é reforçar a cronologia das fraudes, sustentando que o esquema de descontos ilegais começou antes de Lula voltar ao poder e ganhou escala durante a gestão Bolsonaro. Com isso, pretende blindar o presidente e jogar a pressão sobre os adversários.

Além de proteger o atual ministro da Previdência, Wolney Queiroz, governistas devem mirar nos depoimentos de ex-presidentes do INSS nomeados por Bolsonaro para destacar falhas na fiscalização. Parlamentares petistas também já apresentaram requerimento para ouvir o próprio ex-presidente.

Pressão da oposição

 

A oposição, por sua vez, aposta em dar centralidade aos nomes ligados ao atual governo. A convocação de Lupi é tratada como prioridade, por simbolizar o desgaste de Lula após a saída do ex-ministro em meio ao escândalo. Os opositores também querem trazer para o foco os ex-presidentes do INSS indicados no terceiro mandato petista, como Stefanutto, Wamburg e Serrano. Opositores pressionam também pela convocação de Frei Chico, irmão de Lula. Frei Chico é ligado ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), citado em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre possíveis fraudes. Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega irregularidades. Não há requerimento de convocação dele na pauta desta sessão.

Para reforçar o discurso, aliados de Bolsonaro também protocolaram pedidos de informações ao STF, CGU, TCU e ao próprio Ministério da Previdência, com o objetivo de mostrar que a atual gestão não teria conseguido estancar as irregularidades.

Fonte: O Globo

Foto: Divulgação

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