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De Freddie Mercury a Mestre Yoda, professor se fantasia em aulas online para entreter e ensinar alunos durante pandemia — Foto: Arquivo pessoal/Fábio Muniz

Com perucas, máscaras e roupas improvisadas, Fábio Muniz, de Curitiba, tenta transformar aulas em um momento alegre, que desperte curiosidade e interesse ao conteúdo, mesmo a distância.
Como tentativa de romper, pelo menos um pouco, os dias pesados do isolamento social, um professor de uma universidade de Curitiba apostou em fantasias para entreter e ensinar os estudantes nas aulas online.
Com perucas, máscaras e roupas improvisadas, Fábio Muniz conseguiu despertar a atenção e a curiosidade dos alunos para o conteúdo da disciplina. A ideia surgiu do impasse em ministrar aulas práticas de fotografia, de dentro de casa, sem que os alunos tivessem os materiais profissionais necessários.
“Eu não repito as fantasias, então eles têm aquela expectativa, dão risada, dão uma relaxada. Eu consegui criar um contato maior com eles e fazer com que se sentissem acolhidos. Aumentou muito a participação”, disse Muniz.
O professor conta que no primeiro mês de isolamento começou a ter muita ansiedade com a quantidade de notícias e decidiu “quebrar o gelo” em uma aula, colocando uma peruca que tinha comprado para ir na Zombie Walk com o filho.
“No dia que fiz isso, o pessoal riu demais e começou a postar nas redes sociais. Depois falaram ‘duvido aparecer assim na outra aula’, e assim deslanchou. Já virei meme. Algumas turmas começaram a reclamar ‘ué, mas na nossa turma você não entra fantasiado’. A intenção é criar um personagem diferente, mas com o mesmo conteúdo, só que adaptado”, contou ele.
‘Parafuso a menos’
O professor apostou em TNTs verdes para imitar o “chroma key”, assim ele joga efeitos ao fundo para simular situações e ambientes.
Além dos objetos e vestimentas que tem em casa, Muniz fez uma parceria com uma ex-aluna que possui uma casa de festas. Ela empresta as fantasias para ele, sem nenhum custo, com segurança e respeitando o distanciamento social.
“No Matrix, por exemplo, eu peguei o casaco da minha esposa e o óculos do meu filho. Nas mais elaboradas do Star Wars, para fazer o Darth Vader, Yoda, Chewbacca, eu peguei emprestado. É muito legal ver que outras pessoas também estão envolvidas e apostando na ideia”, contou.
Em uma das aulas de marketing para Nutrição, o professor chegou a montar uma mesa de jantar, com direito a prato, taça de vinho e velas.
“Nessa aula falei da ideia de empreendedorismo, de como eles trabalham essa relação com clientes e o marketing como uma forma de marcar. Nada mais interessante do que ter uma aula de marketing na sexta-feira à noite, e o professor aparecer na aula em um jantar à luz de velas. Aquela imagem vai te marcar e você vai gravar o conteúdo”, explicou Muniz.
Segundo o professor, ele é o único do curso que está fazendo algo assim. Para ajudar na distribuição de exercícios e também para sanar dúvidas mais difíceis, todos os 320 estudantes que ele dá aula têm o contato do WhatsApp dele.
“Minhas aulas são ‘práticas’, então isso me deu uma liberdade maior. Outros professores, que têm conteúdos mais teóricos, nem conseguem pensar em fazer algo assim. Só eu que tenho um parafuso a menos mesmo”, brincou.
Motivação constante
De acordo com Katia Ethiénne dos Santos, professora, coordenadora de cursos de Educação a Distância (EaD) e do programa de mestrado e doutorado da área de Educação, o cérebro precisa de motivação constante, então o que o professor Fábio Muniz está fazendo é usar uma técnica de neurociência.
“Quando ele cria essa dinâmica de aparecer com uma roupa diferente, os alunos ficam com a expectativa do que vem na sequência e, por isso, mantém eles curiosos. O que não garante que eles fiquem atentos o tempo todo, mas é uma boa estratégia para chamar a atenção. A cada dez minutos nós deveríamos ter uma mudança de estratégia dentro da aula para que o aluno ficasse conectado”, explicou.
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