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Endêmica na Amazônia, a tuberculose é uma doença que, apesar de prevenível, continua a causar mortes no Brasil e em todo o mundo. No Dia Mundial de Combate à Tuberculose, 24 de março, é importante destacar que a vacina BCG, disponível desde os anos 20, é a principal forma de prevenção contra as formas graves da doença, sendo essencial para crianças recém-nascidas. No entanto, a baixa cobertura vacinal tem permitido que a Mycobacterium tuberculosis continue a infectar e tirar vidas.

O Amazonas, em particular, enfrenta uma alta incidência da doença, com Manaus registrando os maiores números no país. A condição socioeconômica precária, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e a própria natureza endêmica da região contribuem significativamente para a prevalência da tuberculose. O infectologista e consultor médico do Sabin Diagnóstico e Saúde, Marcelo Cordeiro, ressalta a importância da vacinação e do reconhecimento precoce dos sintomas para um diagnóstico e tratamento eficazes.

“A Amazônia e o Amazonas, especificamente, são regiões endêmicas para tuberculose, com o estado e a capital, Manaus, apresentando as maiores incidências do país. Tuberculose tem muito a ver com a condição de vida, a questão socioeconômica precária e a dificuldade para acessar serviços de saúde. Tudo isso favorece a ocorrência da doença”, comenta.
A tuberculose afeta principalmente os pulmões (tuberculose pulmonar), embora possa também atingir outros órgãos do corpo (tuberculose extrapulmonar). Por ser considerada uma doença silenciosa, ou seja, que não apresenta sintomas nos estágios iniciais, é importante reconhecer sinais precoces que podem indicar a existência da condição, permitindo o diagnóstico e tratamento adequados.

Considerada uma das doenças mais antigas do mundo, a tuberculose foi descoberta em 1882 pelo bacteriologista alemão Robert Koch, mas há registros da enfermidade datados de 8 mil antes de Cristo (AC). Apesar do seu caráter histórico, ainda hoje a tuberculose acomete cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo por ano, e é responsável por um milhão de óbitos anualmente. No Brasil, são 70 mil casos anuais e 4,5 mil mortes, sendo grande parte no Amazonas, segundo o Ministério da Saúde (MS).

Dados referentes a 2022, divulgados pelo Ministério da Saúde no ano passado, revelam que o Amazonas registrou 84,6 casos de tuberculose a cada 100 mil habitantes, a maior proporção entre os estados do Brasil. Manaus também lidera entre as capitais, com 115,8 ocorrências a cada 100 mil habitantes.

“A tuberculose pode acometer qualquer órgão do organismo, mas, em 80% dos casos, atinge o pulmão. No caso da tuberculose pulmonar, os principais sintomas são tosse persistente, geralmente por mais de duas semanas. Pode ter febre, suor noturno, perda de peso e dor no peito. Mas se o paciente for criança, em especial, menor de cinco anos, ou imunodeprimido, os sintomas podem ser bastante inespecíficos”, explica o infectologista.

No caso da tuberculose extrapulmonar, ou seja, que afeta outro órgão, o sintoma varia a depender da parte do corpo afetada, segundo o especialista. “A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, pelo ar, a partir de um caso de paciente com tuberculose pulmonar ou de laringe. Outras ocorrências extrapulmonares, como tuberculose renal, não transmitem a doença”, afirma.

Diagnóstico e tratamento
Um dos primeiros passos para investigar a tuberculose é procurar atendimento médico, já que o profissional pode auxiliar na busca pelo diagnóstico, desde a análise clínica (verificação de sintomas) até a indicação de exames laboratoriais que podem confirmar a existência da doença. Dois testes comuns são a pesquisa de Bacilo Álcool Ácido Resistente (BAAR), que identifica a doença por meio da análise de amostra orgânica e ajuda no monitoramento durante o tratamento, e o Teste Rápido Molecular (TRM).

“Atualmente, o TRM em amostras de escarro e outros tipos de materiais, é o método mais indicado. Ele identifica rapidamente o DNA da bactéria causadora da tuberculose e detecta se a bactéria é resistente a um dos medicamentos utilizados para tratar a doença”, explica Marcelo Cordeiro.

Outra opção que serve para diagnosticar a tuberculose é o exame de cultura. O teste consiste em realizar um cultivo de amostra orgânica em um processo que permite o crescimento das bactérias. “Apesar de ser um exame muito sensível (logo, mais preciso), é também demorado”, diz o médico. Por último, a radiografia do tórax também é indicada como exame complementar no caso da versão pulmonar da enfermidade.

Conforme o infectologista, o tratamento tem dois objetivos: curar a pessoa acometida e interromper a transmissão. “O tratamento dura, no mínimo, seis meses, e é importante que a pessoa siga até o final. Caso contrário, se a pessoa abandonar, o tratamento pode falhar e a bactéria se tornar resistente aos medicamentos. Quando a tuberculose é resistente, esse tempo de tratamento pode aumentar em até dois anos”, alerta o profissional.

 

 

Fonte: Sabin Diagnóstico e Saúde

Foto: Divulgação