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Professores do Colégio Sigma dão dicas de obras interessantes para contribuir com uma boa nota. Alunos da instituição de ensino visitaram a exposição Portinari Raros, que está em cartaz no CCBB

A preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está além da dedicação aos livros e ao material didático adotado pelas instituições de ensino. Exposições, filmes, livros, peças de teatro e outras produções culturais podem ser de grande valia para reforçar o repertório de conhecimentos necessários para conseguir uma boa nota nas provas que serão aplicadas em 5 e 12 de novembro.

“Na prova passada, foram cobradas questões relacionadas à arte, valorizando o conhecimento sobre os elementos visuais dentro da composição de obras artísticas”, lembra Margarete Lopes dos Santos, professora de arte visual do Colégio Sigma. “Mesmo que uma certa obra artística não caia na prova, estar dentro do ambiente das artes visual e cênica e da música reforça o trabalho de percepção de elementos que enriquecem o conhecimento do candidato”, complementa.

Em Brasília, ela destaca três exposições que, além de proporcionar momentos prazerosos de contemplação da arte, também podem reforçar a preparação para o Enem, que é porta de entrada para universidades no Brasil e no exterior. Duas estão no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A exposição Portinari Raros reúne cerca de 200 obras do pintor modernista. “Candido Portinari abre um grande espaço para as abordagens política e social na arte. Ele também é símbolo de luta pela ruptura das convenções tradicionais da arte no Brasil”, explica a docente.

Também no CCBB, a mostra Hélio Oiticica — Delirium Ambulatorium celebra o trabalho de um dos artistas mais importantes do país nas décadas de 1960 e 1970. “Foi um dos que trouxeram uma noção bastante avançada de arte contemporânea para o Brasil, com novas formas de instalação e modelo de arte mais performático e conceitual, uma inspiração para a Tropicália. É um assunto que pode cair no Enem”, aconselha Margarete.

A exposição Trabalhadores, do renomado fotógrafo Sebastião Salgado, é outra oportunidade de imersão no universo artístico brasileiro. A série de fotos em preto em branco, marca do trabalho de Salgado, retrata as condições degradantes de trabalhadores de diversas partes do mundo, como os pescadores de atum na Sicília (Itália) e os garimpeiros da Serra Pelada, na Amazônia brasileira.

Antenados

Na prova de 5 de outubro, o Enem cobra dos candidatos conhecimentos em linguagens e em ciências humanas, além da redação. Estar antenado com o que está acontecendo no mundo é essencial. “Neste ano, apostamos em uma prova mais contemporânea, que vai tocar nas feridas da sociedade”, acredita Flávio Bueno, professor de geografia do Colégio Sigma.

Ele lembra que o tema da redação de 2022 foi sobre os povos originários e tradicionais. “Minha dica é dar ênfase à cultura nacional, aos problemas identitários e de minorias brasileiras. A prova tem o objetivo de levar o aluno ao Brasil além do seu alcance, o Brasil profundo, em suas diversas realidades”, assinala. O best-seller Torto Arado, de Itamar Vieira, é uma das obras que podem ser exploradas no exame, segundo Bueno.

Entre os filmes em cartaz na cidade, Flávio destaca o live-action A pequena sereia, que pode reforçar os conhecimentos nas pautas identitárias. Para conhecer melhor o conflito árabe-israelense, Golda (Guy Nattiv), que está no Cine Itaú, é uma excelente opção. Oppenheimer (Christopher Nolan), também disponível em algumas salas da cidade, é um grande aprendizado sobre a geopolítica do século 20.

Oppenheimer também é uma recomendação do professor de história José Augusto Jr. “A 2ª Guerra cai com certa frequência nas provas do Enem”, aponta. O ganhador do Oscar de melhor filme de 2020, o longa-metragem 1917 (Sam Mendes), é uma ótima dica para saber mais sobre a 1ª Guerra Mundial. “Da história nacional, o Enem costuma cobrar bastante a República Velha. 1930 — Tempo de Revolução, disponível no YouTube, retrata bem a época. Já o filme Getúlio mostra os conflitos dos últimos momentos de Getúlio Vargas até o suicídio”, sugere.

José Augusto lembra que há um vasto material na internet que os jovens podem usar para estudar, mas faz um alerta. “É preciso atenção com as videoaulas do YouTube. Muitos influencers se preocupam mais com a forma com a qual o conteúdo está sendo passado do que com o conteúdo em si. Uma boa forma de avaliar se o conteúdo é confiável é a indicação das referências bibliográficas”, aconselha.

O professor de filosofia e sociologia do Sigma Edivaldo Monte dos Santos indica leitura de autores que costumam ser explorados nas provas do Enem. O Mito da Caverna, de Platão, é uma das obras que podem ajudar os estudantes no preparo para o exame, além dos autores estoicos do helenismo. Entre os autores medievais, o professor destaca Santo Agostinho. Da modernidade, Immanuel Kant e René Descartes estão entre os autores da época que mais são explorados.

“Dos autores contemporâneos, além de Friedrich Nietzsche, a leitura de Sociedade do Cansaço, de Byung-Chul Han, pode ser interessante para um mergulho em assuntos atuais, como depressão, ansiedade e pânico. Já vi provas de vestibular explorarem trechos da obra”, revela.

Conhecimento

Tendo em mente a importância do repertório cultural para os candidatos do Enem, o Sigma levou uma turma de alunos do 3º ano do ensino médio para a mostra Portinari Raros, no CCBB. “Valeu a pena demais ter vindo. É uma exposição que me impressionou de verdade”, avalia Brisly Fideles, 17 anos. Ela pretende disputar uma vaga em medicina, mas não deixa de ver a importância dos conhecimentos sobre arte. “É um artista que é explorado no vestibular. Vir com o Sigma e ver a obra ao vivo é diferente de ver em livros e projeções. Além dos contextos históricos que também têm a ver com a sociedade em que vivemos hoje”, analisa a estudante.

Sophia Miyoshi Cunha, 17, gostou tanto da mostra que pretende retornar para vê-la com mais calma com amigos ou com a família. “Um conhecimento que dá pra aplicar no repertório do Enem, inclusive na redação. Também, os contextos históricos reforçam conhecimentos importantes”, analisa Cunha, que também pretende ser médica.

A meta de Vinícius Maciel, 18, é uma vaga no curso de engenharia mecatrônica na Universidade de Brasília (UnB). Para ele, a visita à exposição é uma oportunidade de conhecer in loco o que é aprendido em sala de aula. “De perto dá para interpretar a obra de Portinari de outras formas. Hoje, aprendemos mais da biografia, da história e de outros assuntos pertinentes ao Enem”, avalia o adolescente.

Fonte: Correio Braziliense

Foto: Minervino Junior