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São Paulo– Com 16 anos de carreira artística inspirada na cultura indígena, Duhigó é a primeira mulher indígena amazonense a ter uma obra no acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), o mais importante do Hemisfério Sul. O trabalho está exposto no museu que possui 11 mil peças artísticas.

Sempre motivada a contar as próprias memórias enraizadas do povo Tukano, Duhigó se emocionou ao falar da importância da representatividade feminina e indígena, agora exposta para o mundo no MASP.

“Isso é muito importante, tenho até vontade de chorar, mas de alegria. Quando iniciou todos esses trabalhos de arte, eu nunca pensei em chegar a esse ponto, primeira indígena artística representando as “mulheradas” do Alto Rio Negro e eu estou aqui nesse lugar representando esses trabalhos que eu fiz. Eu não fiz plano para isso acontecer, mas acontece”, destacou da Duhigó.

A obra de arte Nepũ Arquepũ, que significa na língua Tikuna, rede macaco, foi produzia na capital, em 2019, tamanho de 185,5 x 275,5 cm, em tinta acrílica sobre madeira. A cena narra uma história com um significado bastante afetivo: o nascimento de um bebê do povo Tukano, dentro de uma maloca. O momento após o parto, a mãe descansando na rede e recebendo cuidado dos mais próximos e do pajé da tribo.

Nepũ Arquepũ já participou da exposição VaiVém, nos Centros Culturais Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, entre os anos de 2019 e 2020. A obra de arte é fruto da doação de colecionadores de arte Mônica e Fábio Ulhoa Coelho.

Os apreciadores poderão visitar o local e admirar o trabalho da Duhigó até fevereiro de 2022, na sede da MASP, em São Paulo, dentro da mostra Acervo em Transformação: doações recentes. Conforme o jornalista e fundador da Manaus Amazônia Galeria de Arte, Carlysson Sena, um dos critérios para escolha da obra pelo MASP, foi a necessidade do museu em ter mais obras de mulheres, pois o público ainda era pequeno.

“Ao verificar a presença de artistas indígenas no acervo do MASP também era muito pequeno, então eles queriam fazer essa correção histórica de ter mais artistas indígenas. No caso da Duhigó além de preencher esse requisito tem a relevância histórica da obra dela para a história do Brasil, porque como ela narra nas suas obras a cultura de uma das várias etnias que nós temos, é de grande relevância”, explicou o jornalista.

A artista busca transmitir em sua obra para as gerações futuras a história, cultura amazônica e indígena através das artes.