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Tereza Cristina estuda unir todas cooperativas em um único banco

 A ministra da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Tereza Cristina, disse hoje (18) que a assistência técnica aos
agricultores familiares continuará sendo foco da pasta. Segundo ela, o
ministério está trabalhando para aumentar o percentual de assistência dada aos
produtores rurais, em frentes que vão além do Plano Safra
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 A declaração foi dada durante uma live para
debater Agricultura Familiar no Plano Safra – Avanços para o Desenvolvimento e
a Segurança Alimentar.
 “Temos compromisso cada vez maior com esse
segmento da agricultura. Queremos todos inseridos na base produtiva de nosso
país, para que possam crescer”, disse a ministra. Ela acrescentou que a
assistência técnica “continuará sendo nosso foco. Vamos sempre perseguir isso,
não só no plano safra. Estamos trabalhando para aumentar o percentual de
assistência técnica aos produtores rurais”.
 A ministra disse corroborar de um sonho
manifestado pelo ex-ministro da pasta Roberto Rodrigues durante a live, no
sentido de agrupar diversas cooperativas de crédito rural “em um único banco
gigantesco e poderoso”. Em sua participação, Rodrigues destacou a relevância
das políticas de crédito cooperativo “no sentido de dar proximidade entre
credores e produtores rurais”. 
 “Juntando todas [cooperativas de crédito
para produtores rurais], teríamos o sexto maior banco do Brasil. Este é um
sonho que tenho”, revelou.
 “Seu sonho não é muito diferente do meu. Vamos
trabalhar para realizar esse sonho”, disse a ministra, que se comprometeu a
apresentar a proposta ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
 O Plano Safra 2020-2021 foi lançado ontem (17)
em cerimônia no Palácio do Planalto, com previsão de R$ 236,3 bilhões em apoio
para a produção agropecuária nacional, valor R$ 13,5 bilhões maior do que o
apresentado no plano anterior. 
 Segundo o ministério, os pequenos produtores
rurais terão R$ 33 bilhões para financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura   Familiar (Pronaf), com
juros de 2,75% e 4% ao ano, para custeio e comercialização, respectivamente.
 Já aos médios produtores rurais serão
destinados R$ 33,1 bilhões, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio
Produtor Rural (Pronamp), com taxas de juros de 5% ao ano (custeio e
comercialização). Para os grandes produtores, a taxa de juros será de 6% ao
ano.

 Contag

 O anúncio de ontem (17), no entanto, não
agradou a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e
Agricultoras Familiares (Contag). De acordo com a entidade, era esperado o
anúncio de um Plano Safra específico para valorizar a agricultura familiar, que
responde por mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.
 De acordo com o presidente da Contag,
Aristides Santos, os lançamentos específicos do Plano Safra da Agricultura
Familiar são históricos, do governo Fernando Henrique Cardoso ao governo Michel
Temer. “Desde o seu primeiro ano de mandato, o governo Bolsonaro mudou essa
estratégia, como se fôssemos uma só agricultura. O que não é verdade”, disse
Santos por meio de nota. 
 Apesar do aumento de recursos, a Contag havia
reivindicado R$ 40 bilhões para o Pronaf Crédito. “Apenas o valor para custeio
atendeu à demanda da Contag para a agricultura familiar”, informou a entidade.
 Segundo a Contag, as taxas de juros do Pronaf,
que ficarão entre 2,75% ao ano  para o Mais Alimento e 4% ao ano para as
demais linhas de crédito, está “bem acima” do que era esperado, que era algo
entre 0% e 2%. “Enquanto os juros para os grandes produtores diminuíram de 8%
para 6% ao ano, para os familiares passou de 3% para 2,75%, ou seja, redução de
apenas 0,25%”, disse Aristides Santos, acrescentando que “de um modo geral” a
agricultura familiar sai insatisfeita com o Plano Safra anunciado. 
 “Precisávamos de mais recursos para
investimento e taxas de juros menores, para que os agricultores e agricultoras
familiares consigam se recuperar dos efeitos da pandemia [do novo coronavírus
(covide-19)]. Houve perda de produção e de renda com a suspensão das feiras
livres, da venda para o PAA e Pnae, entre outros prejuízos”, disse o presidente
da confederação.
 O secretário de Política Agrícola, Eduardo
Sampaio, disse que, se necessário para atender à demanda de agricultores familiares,
o governo fará novos remanejamentos de recursos, de forma a atender ao Pronaf.
“Esse é um tipo de remanejamento positivo. Acredito que [a atual previsão de
recursos] vai dar para atender a demanda, mas poderemos fazer outros
remanejamentos durante o Plano Safra, porque esse é um público que não pode
ficar de fora, para que não tenhamos problemas. E a gente conta com as
cooperativas para aplicar esses recursos”, disse Sampaio.
 “Queremos atender ao máximo as cooperativas.
Nada contra o sistema financeiro, mas são as cooperativas [as entidades] que
estão mais próximas e que falam a linguagem do agricultor familiar”,
complementou.

 Moradia
rural

 O secretário da Agricultura Familiar e
Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke, disse que a redução de 4,6% para 4%
da taxa de juros para moradias rurais representa “uma mudança importante”. “A
expansão do acesso ao crédito a jovens filhos de agricultores, para construírem
suas casas e ficarem no campo”.
 Schwanke informou que pretende lançar em breve
um edital de chamamento público para residência profissional agrícola, de forma
a apoiar profissionais com competências para atuação na área de ciências
agrárias e afins, visando a inserção deles no mercado de trabalho. O programa
pretende ajudar 1.500 jovens estudantes e recém-formados nesses cursos, com
idade de 15 anos a 29 anos de idade.
Foto: Marcello Casal Jr.