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Presidente do 3B, João Bosco Brasil apresentou os primeiros sintomas do novo coronavírus e, por recomendação médica, se submeteu ao exame para saber se estava doente. Enquanto o resultado não saía, continuou convivendo com o elenco que disputa a Série A2 do Campeonato Brasileiro Feminino e treina em Manaus, 12 dias depois do teste, soube que estava infectado, assim como 12 das 14 jogadoras que permanecem reunidas e dois membros da comissão técnica.
Eu senti uma gripe como nosso presidente [da República] falou: uma gripezinha. Comecei a suar e fiz o teste, que no começo você fazia e levava 12 dias para receber o resultado. Enquanto isso, ia na academia, malhava, porque achava que era só uma gripezinha. Depois de 12 dias saiu o resultado, aí sim me isolei durante duas semanas, mas tinha convivido com as jogadoras durante aqueles dias”, contou, ao Olhar Olímpico.
A “Associação Esportiva 3B da Amazônia” é um clube praticamente particular, centrado na figura de João Bosco. O nome da equipe, inclusive, faz referências às iniciais do seu nome: João Bosco Brasil Blindá. O time tem centro de treinamento em Manaus, com alojamento, no mesmo terreno em que fica uma empresa de comunicação visual dele, patrocinadora da equipe. No complexo também fica o apartamento que o empresário/dirigente construiu dentro da empresa, onde ele mora.
João Bosco conta que, com o fechamento das fronteiras com a Venezuela, em 17 de março, impediu que as sete jogadoras venezuelanas do time voltassem para casa. Além delas, outras sete atletas pediram para permanecer no centro de treinamento, enquanto cinco retornaram às suas cidades. O técnico Marcelo Tchelo, italiano, preferiu deixar a cidade, mas quatro membros da comissão técnica permaneceram. 
“Nós só paramos de treinar por cinco dias. Como meu centro de treinamento é no quintal, as meninas moram alojadas, o campo é dentro de onde elas dormem”, explica João Bosco, que diz que três atletas que vieram da Itália foram levadas por ele ao hospital assim que chegaram para passarem por exames.
O dirigente, porém, presume que foi ele a passar a Covid-19 adiante. 
“Estou puxando que eu fui porque fui o primeiro a sentir os sintomas. Como eu não tinha recebido o resultado, eu continuei convivendo com elas. Quando saiu o resultado positivo, eu mesmo tomei um susto e parei uma semana de treinar. Depois eu vi que fui melhorando e continuei minha vida normal. O convívio interno nosso continuou a mesma coisa”, conta João Bosco, que nos últimos dois meses fez três testes para o novo coronavírus, todos positivos. Até a última vez que foi testado, ao menos, estava infectado.
Aos poucos, o elenco também foi sentindo sintomas. Das 14 jogadoras que permanecem em Manaus, 12 testaram positivo, e oito tiveram complicações segundo João Bosco leves. “Eu tive jogadoras que pararam [de treinar] três dias, jogador que parou um dia, e jogadora que deu positivo com poucos sintomas, mas treinou direto. A Gabi não teve nada, mas pegou corona, e hoje está curada sem ter tido exame nenhum”, conta.
As duas jogadoras e dos dois membros da comissão técnica que não testaram positivo continuam convivendo com os infectados, inclusive em treinos coletivos. O dirigente alega que a situação do 3B não é exclusiva do time, mas de toda a cidade. 
“Aqui em Manaus, 80% da população que fez teste, independente do meu clube, pegou Covid. De dez que converso, nove pegaram. Manaus está nessa situação. Infelizmente e felizmente, porque hoje praticamente todos nós estamos imunizados”, diz.
Estudo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) divulgado em 15 de maio estimava que 26% da população da capital já havia sido infectada.