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Quase negociado com o Inhulets, da Ucrânia, Iago Siqueira viajaria para Kiev na véspera da invasão russa, mas foi salvo por burocracia

No último 23 de fevereiro, o meia Iago Siqueira, de 21 anos, tinha tudo para jogar no futebol ucraniano. Atleta do Alvarenga-POR, Iago havia acertado sua ida para o Inhulets-UCR e já fizera a pré-temporada com a equipe na Turquia. No entanto, por causa de detalhes contratuais, o jogador teve que retornar para Portugal, enquanto o restante do elenco partiu rumo a Kiev. Durante as 24 horas seguintes, porém, tudo mudou.

No dia 24 a Rússia invadiria a Ucrânia, e teria início ali um violento conflito que já vitimou mais de 2.000 inocentes, segundo dados do governo ucraniano. Dentro desse cenário de caos e desespero, 41 brasileiros que jogam no país viveram dias de pesadelo, e por muito pouco Iago não foi um deles.

“Eu sabia da possível invasão da Rússia, só que em nenhum momento, vou ser sincero, passou na minha cabeça que a Rússia ia atacar lá. E também, como se trata de um clube da primeira divisão, seja o país que for, é uma baita oportunidade. Eu sabia, sim, desse risco, mas tinha o lado da oportunidade, e pra mim seria muito bom eu ir pra lá”, lembrou Iago.

Mesmo estando há apenas um mês no Inhulets, só durante a pré-temporada, o brasileiro fez amizades no clube. Apesar do alívio de não estar na Ucrânia quando a guerra começou, era impossível não pensar no que poderia acontecer se estivesse lá.

“É claro que eu fiquei preocupado também, meus amigos todos lá, mas depois pensei: ‘Cara, imagina se eu tivesse ido, não tivesse que voltar para Portugal, eu ia estar nessa situação’. Só Deus sabe se eu ia conseguir sair dali ou não, porque tem muita gente que ainda está no desespero. Eu tenho falado com eles, e eles contaram que foi uma tensão enorme, um desespero lá”, lamenta o atleta, que revela que alguns já conseguiram cruzar a fronteira.

Um misto de alívio e frustração

 

Apesar de ter escapado da guerra, Iago lamenta o fato de ter sido impedido de dar um passo à frente na carreira, por razões que, claro, fogem do controle do atleta.

“Eu venho lutando muito tempo, muito tempo mesmo pra conseguir algo assim que seja bom pra mim, sabe? E essa transferência realmente seria algo muito bom pra minha carreira, uma nova etapa muito boa, de crescimento, e claro que vem a tristeza”, disse.

“Fica uma sensação de que eu fiz meu trabalho e fui impedido de seguir em frente. É uma guerra, a gente não pode controlar, infelizmente. Mas, agora é ficar com a cabeça boa, que novas oportunidades vão surgir ainda”, completou Iago.

 

 

Fonte: R7

Foto: Divulgação