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Dirigente da CBJ diz que adiamento dos Jogos foi benéfico ao país

 O
judô é o esporte que mais deu medalhas olímpicas para o Brasil. São 22, sendo
quatro ouros, três pratas e 15 bronzes. E, em meio às incertezas provocadas
pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), uma live (transmissão ao
vivo)  realizada na noite de ontem (11) – perfil oficial da Federação Piauiense de Judô,  no Instagram –
abordou o atual momento do esporte e a realização dos Jogos de Tóquio (Japão)
em julho de 2021. 
 Entre os participantes, Ney Wilson, gestor de
alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), evitou fazer
prognósticos para a Olimpíada no ano que vem. “Esse tipo de projeção
exige uma visão mais macro da realidade. Como os países ainda não definiram os
nomes que irão compor as seleções, isso é impossível. O certo é que queremos
ganhar pelo menos uma medalha para seguirmos sendo a única modalidade
brasileira a subir no pódio em todas edições olímpicas, desde 1984 “, revelou
o dirigente. Nos jogos de Los Angeles (1984), o judô brasileiro faturou três
medalhas: uma prata (Douglas Vieira)e dois bronzes (Walter Carmona e Luís
Onmura).
 Segundo Ney Wilson, para conquistar duas
medalhas, por exemplo, o país precisa chegar com chances em pelo menos quatro
categorias. “Confiamos muito no trabalho que vem sendo feito. Mas, não é
hora de fazer previsões. Me lembro bem do que ocorreu em Londres [2012], quando
projetamos, ainda no Brasil, a conquista de quatro medalhas. Seria um recorde
para a modalidade. A marca foi atingida, mas apenas no último dos cinco dias de
disputas do judô. Tivemos o ouro inédito da Sarah Menezes e o bronze do Felipe
Kitadai na abertura da competição. Depois, completamos as quatro medalhas com
os bronzes da Mayra Aguiar e do Rafael Silva no encerramento do torneio
olímpico. Tive que responder a várias perguntas de jornalistas sobre a projeção
das quatro medalhas. Mas, graças a Deus, chegamos lá”, recorda. 

 Incertezas

 Com o adiamento dos Jogos de Tóquio para julho
de 2021, a Federação Internacional da modalidade (IJF, sigla em inglês)
estendeu até 29 de junho do ano que vem o prazo para a classificação dos
atletas (pontuação/ranking). “Terá pelo menos o mesmo número de eventos no
processo de qualificação, incluindo também todos os eventos que já foram
agendados no calendário oficial no período até a nova data final da
qualificação. O número final de eventos incluídos depende de vários fatores,
mas principalmente da situação da saúde no mundo e das possíveis restrições de
viagem, bem como a disponibilidade de locais e comitês organizadores
locais”, informou o IJF por meio de comunicado
oficial,
publicado no site da entidade em abril. 


 Antes
da remarcação dos Jogos de Tóquio para julho de 2021, a IFJ havia determinado
que o ranking olímpico do judô fecharia no dia 30 de junho deste ano. A data
Campeonato Mundial, inicialmente marcado para setembro de 2021, também poderá
ser antecipada. Se isso ocorrer, é provável que os resultados obtidos valham
para o ranking classificatório dos Jogos de Tóquio 2021. Mas, até o momento,
isso não foi definido pela IJF.
 O dirigente da CBJ diz que, devido às
indefinições causadas pela pandemia de covid-19, a entidade trabalha com vários
cenários. “Nós temos um contato direto com a Federação Internacional. E a
informação que recebemos é que eles só devem liberar o novo calendário de
competições quando houver um cenário mais definido da doença,em nível mundial.
O nosso cenário mais otimista é de uma retomada das competições em novembro e
dezembro. E o mais pessimista é a volta apenas no ano que vem”, avalia
Wilson. 
 O gestor adiantou ainda que, em nível
nacional, a ideia da CBJ é investir em treinamentos, depois que a situação
sanitária estiver normalizada. “Uma das possibilidades é fazer trabalhos
em cada uma das regiões do Brasil, respeitando todas as regras das autoridades
de saúde. Esse seria o cenário ideal. Mas pensamos também em fazer treinos separados
com cada uma das categorias de peso, com um calendário específico em apenas uma
sede”.

 Seleções

 Para a Olimpíada de Tóquio no ano que vem, o
ranking mundial vai ser usado para alocar as 352 , vagas na ordem hierárquica
de qualificação. Os 18 mais bem classificados pelo ranking, em cada uma das 14
categorias (sete em cada naipe) asseguram vaga direta, com o máximo de um
atleta por Comitê Nacional, por categoria. Estarão disponíveis ainda mais 100
vagas continentais, distribuídas também de acordo com a posição no ranking.
Para as Américas são oferecidas dez vagas no masculino e 11 no feminino. 
 Atualmente, o Brasil, tem atletas elegíveis em
todas as categorias. Vale ressaltar que a campeã olímpica Rafaela Silva, da
categoria até 57 quilos, permanece na zona de classificação. A atleta aguarda o
julgamento de um recurso pela Corte Arbitral do Esporte para saber se poderá
voltar a competir. A IJF suspendeu a atleta por dois anos, devido a confirmação
de doping nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. 

 




 Ney Wilson reconhece que o adiamento foi benéfico
para a delegação brasileira. “É uma equipe bem renovada. Se a Olimpíada
fosse esse ano, o time seria quase todo novo. Claro que são nomes com um
potencial muito grande, como o Daniel Cargnin (categoria até 66 kg), campeão
mundial júnior em 2017, e Rafael Macedo (categoria até 90 kg), campeão mundial
júnior em 2014. Mas são atletas que ainda precisam amadurecer no circuito
mundial. A gente sabe que, quando eles chegam cedo na seleção adulta,
precisamos graduar a participação deles e ir construindo isso junto com as
equipes de base e com os próprios atletas. Os homens amadurecem mais tarde. É
uma questão fisiológica. As mulheres passam por esse processo de uma forma mais
rápida e natural. A Sarah Menezes, por exemplo, entrou na seleção principal
junto com a Mayra Aguiar, aos 15 anos. No masculino isso não acontece. Já
passamos por outras fases de instabilidade também na seleção feminina e
conseguimos superar. Temos certeza que estaremos bem representados no masculino
em Tóquio. O adiamento para 2021 foi perfeito para os homens”, conclui.
Foto: Divulgação