A prefeita de Anamã, Kátia Maria Dantas Ribeiro (MDB), está sendo alvo de uma grave denúncia que aponta crime ambiental, improbidade administrativa, nepotismo e possível desvio de verba pública. As acusações, protocoladas no Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) e outras instâncias, envolvem o aterramento ilegal de uma área alagada e a destruição de vegetação sem o devido licenciamento, além de suspeitas de fraude em contratos emergenciais que somam mais de R$ 6 milhões.
A denúncia, apresentada pelo cidadão Jânio Zurra Rocha, detalha a queima sistemática e ilegal de resíduos sólidos no lixão municipal. Segundo os moradores, a prefeitura estaria enterrando lixo em uma área alagável, o que, com a cheia dos rios, faz com que os resíduos contaminem as águas, provocando a morte de peixes e afetando diretamente a saúde e a economia dos ribeirinhos.
Sem licenciamento e contratos questionáveis
Vídeos e fotos anexados à denúncia mostram maquinários pesados aterrando o terreno e destruindo a vegetação em pleno período de cheia. Além da falta de licenciamento ambiental, o documento aponta que não houve consulta à população local nem estudos prévios de impacto ambiental. O caso foi encaminhado ao Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), que deverá apurar a responsabilidade da prefeita e dos envolvidos, podendo levá-los a responder por crime ambiental.
A situação é ainda mais grave com a revelação de contratos emergenciais que totalizam mais de R$ 6 milhões, realizados com dispensa de licitação sob um decreto de emergência contestado. Entre os contratos sob suspeita, destacam-se a construção de uma escola de apenas duas salas por quase meio milhão de reais que nunca foi construída, a compra de água mineral no valor de R$190 mil e serviços jurídicos acima de R$ 239 mil.
Nepotismo e exigência de apuração
A prefeita também é acusada de nepotismo por nomear seu próprio marido, Jecimar Pinheiro Matos, para a Secretaria de Finanças. Matos é ex-prefeito e já foi condenado por irregularidades na aplicação de verbas públicas, respondendo a diversos processos judiciais.
Moradores e lideranças locais exigem apuração urgente dos fatos pelo MP-AM e TCE-AM, além do cancelamento imediato dos contratos irregulares. O caso pode, inclusive, motivar a abertura de um processo de cassação na Câmara Municipal.
A reportagem continua em apuração. Até o momento, a prefeita Kátia Maria Dantas Ribeiro e o secretário Jecimar Pinheiro Matos não se manifestaram oficialmente sobre as acusações.
