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Valendo vaga para a final da Libertadores, o Palmeiras divulga foto de Raphael Veiga, que estava contundido, ‘treinando’. Felipão desconfia que seja blefe de Abel. E que Tabata irá jogar a decisão da semifinal

São Paulo, Brasil

Final do Campeonato Brasileiro de 1996.

Grêmio e Portuguesa.

O paraguaio lateral Arce, peça fundamental do time gaúcho, aparece no treinamento com uma bota de gesso no pé direito, na véspera da partida decisiva.

Felipão lamenta demais não ter o jogador.

Chega o domingo, dia seguinte, Arce está em campo, lépido, ágil, correndo, cruzando, chutando para o gol. Sua escalação surpreendeu os jornalistas e Levir Culpi, treinador da Portuguesa, que não tinha preparado um esquema para travar suas avançadas.

Grêmio campeão do Brasil.

A situação, de 26 anos atrás, voltou à tona ontem na concentração do Athletico Paranaense.

Desta vez Felipão está do outro lado, desconfiado.

Na sua filosofia, esconder a escalação para uma partida decisiva é fundamental.

Por isso, de acordo com jornalistas paranaenses, ele não acreditou piamente na foto divulgada ontem pelo próprio Palmeiras, com Raphael Veiga com chuteiras e treinando.

O meia teve um forte entorse no tornozelo direito, no primeiro confronto contra o Athletico. A ponto de sair da importante partida.

Arce aceitou o 'teatro' proposto por Felipão. O blefe deu certo. Surpreendeu a Portuguesa na final de 96

Scolari não se deixou levar. Preparou seu time para enfrentar o Palmeiras hoje, na partida mais importante do ano, para os paranaenses e para os paulistas, com Veiga, mais ofensivo tecnicamente, e com Tabata, mais velocista.

Vale a vaga para a sonhada final da Libertadores.

Prestígio e dinheiro para o vencedor.

Pressão ao derrotado, principalmente se for o Palmeiras.

Se Veiga realmente jogar, o time de Abel Ferreira terá dois articuladores habilidosos, dribladores e com ótimo arremates de fora da área. O que exigirá mais de Erick e Fernandinho, com o auxílio importante de Alex Santana. Os três volantes terão de se desdobrar, como fizeram, com eficiência, em Curitiba, na vitória por 1 a 0.

Com Veiga, Abel deverá apostar em Dudu e Rony abertos, com a rotatividade dos homens do meio-campo surgindo ‘de surpresa’.

O péssimo futebol do imaturo argentino López desanimou a comissão técnica, na primeira partida, desperdiçando dois gols preciosos.

Se jogar Tabata e não Veiga, há a certeza de que o Palmeiras tentará acelerar o jogo. O meia usa toques curtos, objetivos, e lançamentos. Ao contrário de Veiga, não é tão habilidoso. O que fará com que Scarpa se desdobre nas articulações e tenha mais liberdade para chutar mais ao gol. Dudu flutuará pela intermediária, com Rony como referência.

A postura de Zé Rafael e Gabriel Menino, se revezando na área adversária, passa a ser fundamental.

Ou seja, o Palmeiras vira outra equipe do meio-campo para a frente.

Se a foto fosse tirada por algum veículo de imprensa, sem a permissão do Palmeiras, Felipão acreditaria de verdade na presença de Veiga.

Abel Ferreira e Felipão. O duelo será significativo para a carreira dos dois, no Allianz

Mas independente dele, o Athletico treinou muito forte, reservou seu time principal para atuar, mesmo no Allianz, com a mesma segurança que na semana passada. Cedendo, lógico, a iniciativa para o time da casa. Mas Felipão promete que seu time não se acovardará taticamente.

Mas ele apelará para algo que marcou sua carreira nos clubes, quando enfrenta um adversário com mais repertório técnico. Principalmente ‘fora de casa’.

Superpovoando a intermediária. Tentando enervar o rival. Buscando os contragolpes rápidos. E muito capricho nas bolas aéreas.

Abel Ferreira não é adepto de segredos táticos.

Costuma treinar o time titular, que estará em campo, seja em qual decisão for.

Mas há muito em jogo hoje.

A chegada inédita do Palmeiras para a terceira final de Libertadores seguida.

Quem ficar com a vaga embolsará 2 milhões de dólares, cerca R$ 10,3 milhões.

A quantia reservada ao campeão deste ano foi aumentada em um milhão de dólares, R$ 5,1 milhões.

Será de 16 milhões de dólares, cerca de R$ 82 milhões.

Abel Ferreira tem o currículo invejável nos mata-matas da Libertadores.

Jamais perdeu nenhum, desde que assumiu o Palmeiras.

Venceu oito.

E duas finais da competição.

Para manter essa tradição, um jogador será fundamental.

Estando ou não em campo.

Raphael Veiga, fotografado ontem no treinamento.

Blefe ou realidade?

Felipão desconfia…

 

Fonte: R7

Foto: Divulgação