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Devastada. Assim se define a professora Thais da Silva, de 29 anos, no dia seguinte à morte de seu filho, o menino Kaio Guilherme da Silva Baraúna, de 8 anos. Em 16 de abril, enquanto brincava com outras crianças numa festa infantil em Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, Kaio foi atingido na cabeça por um tiro de autoria ainda não identificada. Após oito dias de orações fervorosas à beira do leito de CTI do Hospital Municipal Pedro II, onde a criança estava internada, Thais agora busca um propósito para o destino do filho. E, segundo a professora, a resposta pode ter aparecido quando ela aceitou doar os órgãos de Kaio.

— A gente está fazendo o possível para entender os planos de Deus. E, se Deus achou que seria melhor assim, a gente aceita. Talvez o propósito disso tudo tenha sido salvar outras vidas. O meu filho se foi, mas eu aceitei a doação de órgãos, e sei que esses órgãos vão ajudar outras crianças. Deus levou uma vida para salvar outras — diz a professora.

Uma grande corrente de fé se formou nos últimos dias pela recuperação do menino Kaio. A expectativa da família era de que exames comprovassem que o cérebro da criança ainda tinha fluxo sanguíneo.

— Foi muito, muito, muito doloroso quando recebemos essa notícia, porque a nossa esperança estava grande demais, afirma Thais.  Os últimos dias foram difíceis, mas a gente sempre manteve a fé e a esperança de que tudo ia ficar bem. Fizemos muitas orações, uma corrente de orações muito grande, com pessoas de tudo que era lugar. A gente recebeu ligação até de gente de fora do país. Estamos todos devastados. E queremos justiça pela morte dele.

Segundo Thais, a cirurgia para a retirada dos órgãos acontece na manhã deste domingo (25). Em seguida, o corpo será encaminhado ao Instituto Médico Legal, no Centro.

— Ele lutou muito, disse a professora ao divulgar a morte do menino na noite deste sábado (24).