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Olhos da Floresta, em parceria com Embrapa e Copronat de Silves, é pioneiro no plantio de mudas da ‘cultivar’ batizada de noçoquém

Para os Sateré-Mawé, noçoquém é o lugar de origem do povo, a morada de seus heróis míticos. Já para o programa Olhos da Floresta, iniciativa da Coca-Cola Brasil em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), é um divisor de águas no cultivo do guaraná. Isso porque o termo de origem indígena também dá nome a um tipo de guaranazeiro com grande resistência e potencial produtivo.
Desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e implementada no programa Olhos da Floresta, a noçoquém está em fase piloto, nas mãos de produtores como Raimundo Lopes Ribeiro, de 72 anos, filiado à Cooperativa de Produtos Naturais da Amazônia (Copronat), de Silves. Ele, que é natural do estado do Maranhão, mas reside no município de Silves há mais de três décadas, mantém em seu terreno cerca de 600 pés da ‘cultivar’ (variedade obtida por técnicas de cultivo). “Eu estou bem contente e otimista com esse tipo de guaranazeiro”, exalta.
“É uma planta com crescimento mais rápido e mais resistente a pragas”, complementa Lopes, que também cultiva a forma tradicional de guaraná, além de abacate, biribá, caju, graviola, entre outras espécies frutíferas, compondo o sistema agroflorestal biodiverso.
João Carlos Jr., agrônomo e especialista em Agricultura Sustentável para o Amazonas da Coca-Cola Brasil, defende que a melhor forma de trazer inovação ao programa Olhos da Floresta é tornando os produtores e seus familiares os maiores beneficiados. Segundo ele, a introdução da primeira ‘cultivar’ ofertada por meio de semente pré-germinada representa um marco na aproximação entre a pesquisa de melhoramento genético e o campo.
“Vamos ganhar um aumento de produtividade com a utilização da noçoquém nas áreas de agricultura familiar no Amazonas, por conta da melhor resposta dessas plantas à produção de frutos e da tolerância delas a doenças do guaranazeiro”, argumenta.
O especialista acrescenta que também é preocupação do programa o sustento das pessoas envolvidas durante o ano todo. Dessa forma, melhorias nas unidades de beneficiamento do guaraná, por exemplo, acabam beneficiando outros processos produtivos, como da farinha e seus derivados, de outras frutas e do processamento dos vinhos das palmeiras.
Os próximos passos, explica o agrônomo, envolvem a chegada de sementes desse novo guaraná a mais localidades participantes do Olhos da Floresta. Além de Lopes, em Silves, produtores de Urucará, também já fazem uso da cultivar. Na Colônia Boa Esperança, o produtor Conceição Bernardes Monteiro, de 66 anos, é um deles. Urucará, explica João Carlos Jr., foi o primeiro município do Olhos da Floresta a receber as mudas da noçoquém depois do projeto piloto. Após anos de pesquisa, tratamento técnico, avaliações e melhorias por parte da Embrapa, a planta pôde ser implementada em outras localidades.  “Foi o tempo necessário para se tornar uma cultivar de ponta”. A meta agora é levar para outros municípios participantes do programa.
A origem
O primeiro passo foi dado em 2000, com a aprovação de um projeto de pesquisa da Embrapa voltado para o melhoramento do guaraná com variedades multiplicadas por sementes (progênies). Após 15 anos de avaliação, foram selecionados alguns exemplares para serem recomendados para plantio no Amazonas – caso da BRS Noçoquém, que está em processo de demonstração e adoção pelos produtores.
“Essa planta produz, em média, dois quilos de sementes secas ao ano, o que é considerado uma média alta e que está no mesmo patamar das melhores cultivares clonais recomendadas até hoje pela Embrapa, como as BRS Maués e BRS Luzéia. Além disso, possui elevada resistência a doenças como a antracnose e o superbrotamento”, argumenta André Luiz Atroch, doutor em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva e pesquisador em Melhoramento Genético do Guaranazeiro pela Embrapa Amazônia Ocidental. Ele, que é o responsável pelo desenvolvimento da noçoquém, ressalta como outro diferencial a facilidade de formação de mudas, pois isso não requer investimento em viveiros altamente tecnificados.
Olhos da Floresta
Criado em 2016 pela Coca-Cola Brasil, o programa Olhos da Floresta está presente em mais de 124 comunidades, envolvendo mais de 350 famílias de agricultores e beneficiando mais de 3 mil pessoas nos diversos elos da cadeia no estado do Amazonas. Com foco na sustentabilidade e no desenvolvimento econômico da região, o programa incentiva a cadeia de guaraná no estado dando oportunidade de renda para as famílias. Por meio dessa iniciativa, a Coca-Cola Brasil está presente em 90% das áreas produtivas do guaraná em território amazonense, o que compreende 16 municípios – Apuí, Autazes, Borba, Canutama, Iranduba, Itapiranga, Manacapuru, Maués, Nova Olinda do Norte, Novo Airão, Novo Aripuanã, Parintins, Presidente Figueiredo, Silves, São Sebastião do Uatumã e Urucará –, e ainda garante que 100% do guaraná utilizado na Fanta Guaraná, no Guaraná Kuat, no Tuchaua e em outros produtos à base do fruto sejam provenientes do Amazonas.
Sobre a Coca-Cola Brasil

O Sistema Coca-Cola Brasil atua em cinco grupos de bebidas — colas, sabores, hidratação, nutrição e emergentes — com uma linha de 260 produtos, entre sabores regulares e versões sem açúcar ou de baixa caloria. Composto por nove grupos de fabricantes franqueados, o Instituto Coca-Cola Brasil, mais Verde Campo e a parceria com Leão Alimentos e Bebidas, o Sistema emprega diretamente 56,6 mil funcionários. A empresa aposta em inovação para ampliar seu portfólio e atingir o objetivo de destinar corretamente o equivalente a 100% de suas embalagens até 2030. A Coca-Cola Brasil trabalha para oferecer cada vez mais opções com menos açúcar adicionado e no incentivo a iniciativas que melhorem o desenvolvimento econômico e social das comunidades onde atua.