Ao detonar bombas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e depois se explodir na frente do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta (13), Francisco Wanderley Luiz mandou para os ares qualquer chance de anistiar os golpistas do 8 de janeiro – Jair Bolsonaro (PL) incluso.
O chaveiro catarinense, candidato derrotado à Câmara dos Vereadores de Rio do Sul (SC) pelo PL, em 2020, vai ser usado exemplo do que brota quando punições rigorosas não são dadas a líderes de movimentos contra a democracia e quando o grosso da coletividade não repudia golpes de Estado.
Do ponto de vista político, pouco importa se Francisco tinha problemas mentais ou estava profundamente perturbado. Ele certamente foi inspirado por doidos e velhacos que arquitetaram o golpe e vem defendendo a anistia ampla e irrestrita e seus atos tresloucados devem incentivar malucos e patifes que podem vir depois.
A Justiça tem um papel fundamental de interromper esse ciclo. Ainda mais porque as mensagens que ele compartilhou nas redes mostraram uma pessoa que absorveu os elementos discursivos do bolsonarismo radical e os colocava em prática. Ao que tudo indica, buscava ser uma espécie de faísca da mudança.
Apontou jornalistas e políticos da direita liberal como comunistas, criticava generais legalistas e sugeriu o 15 de novembro para começar uma revolução no Brasil – mesma data que foi aventada, em 2022, por golpistas para uma insurreição, segundo informações obtidas pela investigação da Polícia Federal. Não à toa, explodiu-se dois dias antes.
Desde fevereiro deste ano, Bolsonaro tem pautado o tema da anistia aos “pobres coitados do 8 de janeiro”. Usando a solidariedade aos seus seguidores como justificativa, ele defende, na prática, um projeto de lei que pode beneficiá-lo. Hoje, ele é investigado por uma tentativa de golpe de Estado que teve no 8 de janeiro uma de suas peças.
Sob a justificativa de “pacificar” o país, tenta convencer a turma que faltou às aulas de História que o melhor é um arranjo para não puni-lo pelos crimes que cometeu. Mas a ideia só vem sendo bem aceita entre os que estão alinhado ao bolsonarismo no Congresso Nacional.
Com receio de perder votos governistas para o seu candidato à Presidência da Câmara de Deputados, o presidente Arthur Lira (PP-AL) pôs um freio no trâmite da anistia. Além do mais, poucos querem brigar com o STF no momento em que tramita uma solução para a transparência das emendas. E com a derrota de Jair no segundo turno nas capitais, por que partidos políticos vão se arriscar a defender alguém que nem consegue ser um bom cabo eleitoral?
Bolsonaristas mais radicais continuavam defendendo a anistia a todo o custo, contando com a perda de memória da maioria da população. Até que veio o unabomber que disputou eleição pelo PL atrapalhou os planos.
Decerto não foi sua intenção, mas seu ato fez mais pelo campo democrático do que que poderia imaginar. Pois relembra à sociedade porque é necessário não deixar os golpistas de 8/1 passarem impunes. Diante disso, as explosões na porta do STF não tiraram apenas a vida de Francisco, mas também deixaram claro aos Três Poderes que anistia aos líderes da intentona é irresponsabilidade histórica.
Em tempo: Uma das cenas mais insólitas do processo de questionamento da eleição presidencial de 2022 foi a tentativa de um ato terrorista com a colocação de uma bomba em um caminhão de combustível para explodir o Aeroporto Internacional de Brasília na véspera de Natal. A ideia era criar uma situação de caos para permitir intervenção militar e decretação de estado de sítio, tal como parecia querer o unambomber de Santa Catarina. Aquela bomba deu chabu, mas poderia ter mudado o curso da História.
Fonte: UOL
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