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Os dados mostram que 26,3% estão com mensalidades atrasadas

 A taxa de inadimplência nas instituições
privadas de ensino superior ficou em 26,3% em abril, um crescimento de
72,4% na comparação com o mesmo mês de 2019, quando fechou em 15,3%. Os dados
constam da pesquisa de inadimplência divulgada hoje (25) pelo Sindicato das
Instituições de Ensino Superior Privado (Semesp) e já registram o impacto
econômico da pandemia do novo coronavírus no setor.
 As faculdades particulares são responsáveis
por 75% do total de matrículas no ensino superior no país. Em 2018, foram
registradas 8,4 milhões de matrículas nessa etapa.
 O levantamento, feito com base em uma amostra
de 146 instituic
̧ões
brasileiras, ouviu estabelecimentos de pequeno e médio porte (com menos de 7
mil estudantes) e de grande porte (com mais de 7 mil).
 “As instituições de ensino superior de grande porte registraram a taxa
mais alta de inadimpl
ência.
Em abril de 2020, o percentual ficou em 29,5%, enquanto que as instituic
̧ões de pequeno ou médio porte atingiram
25,2% no mesmo período
,
revela a pesquisa.
 O estudo também mediu a taxa de evasão, que
mede o percentual de alunos que desistiram do curso ou trancaram a matrícula no
mês de abril. Segundo o levantamento, a taxa aumentou 32,5% entre os anos 2019
e 2020. Em abril de 2019, a taxa ficou em 2,1%, contra 2,8%, em 2020.
 O crescimento das desistências foi puxado
principalmente pela desistência dos alunos matriculados em cursos presenciais,
que registraram aumentou de 47%. De acordo com o levantamento, a evasão no
ensino superior presencial, em abril, foi de 2,9%, contra 1,9%, no mesmo mês do
ano passado.
 Já no ensino a distância, a taxa de evasão
manteve-se estável, registrando 1,1% em abril de 202, o mesmo percentual de
abril do ano passado.
 O diretor executivo do Semesp, Rodrigo
Capelatto, disse que a pesquisa apurou a inadimplência de 30 dias, mas que o
Semesp trabalha com um período de 90 dias para medir esse indicador. “Foi o que
foi possível registrar, até o momento, com os efeitos desse período de
pandemia”, afirmou Capelatto.
 Ele disse que a inadimplência média fica torno
de 10% e que a crise pode levar a um salto, passando para 15%. “Temos uma
situação, que é essa taxa de inadimplência que vai diminuindo ao longo do ano.
Essa [taxa registrada em abril] é uma taxa de 30 dias. Hoje a inadimplência
média está em torno de 9,3%, e acreditamos que ela vai crescer para uns 15%,
quando for medida a inadimplência em 90 dias.”
 Capelatto destacou que muitas faculdades têm
acenado com a concessão de descontos para os inadimplentes e criticou as
iniciativas de projeto de lei, apresentadas em diferentes estados, que
estabelecem uma redução de cerca de 30% no valor das mensalidades.
 Para Capelatto, somado à evasão e à
inadimplência, o desconto de 30% nas mensalidades pode criar dificuldades para
que as empresas consigam manter os pagamentos, como os salários em dia. “Se a
gente considerar que vai ter 30% de inadimplência, 30% de evasão, se der
desconto de 30%, as faculdades não vão ter como pagar as pessoas”, disse. “Se
tivermos isso, pode ter certeza de que 30% das instituições terão que fechar as
portas até o final de 2020.”
 Capelatto defendeu que, caso algum projeto
similar seja aprovado, as análises de reduções das mensalidades sejam ser
feitas caso a caso, de acordo com a situação financeira de cada aluno.
Levantamento apresentado na semana passada pela Semesp mostra que 61,9% dos
jovens de 18 a 24 anos da classe A (que tem renda domiciliar de mais de oito
salários mínimos) frequentam o ensino superior, enquanto apenas 10,5% dos
jovens da classe E (com renda domiciliar de até meio salário mínimo) fazem
graduação.
 Para a rede privada de ensino superior, uma
das saídas para o abandono dos estudantes é o aumento de repasses para o Fundo
de Financiamento Estudantil (Fies), de modo que chegue a garantir 500 mil
vagas.
 O Semesp também reivindica aumento dos
recursos próprios de financiamento estudantil de instituições com aporte de
recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “É
fundamental ter políticas de recuperação ou de sustentação das instituições de
ensino superior, uma por meio da ampliação do Fies. Hoje apenas 2,6% dos
estudantes entram com o Fies, e a grande parte entra com financiamento próprio
das instituições”, afirmou Capelatto.
 * Matéria alterada às
15h24 para correção de informação. O crescimento da inadimplência foi de
72,4% e não de 26,3% como informado anteriormente. 
Foto: Elza Fiuza