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O agente indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira, de 41 anos, que desapareceu no último domingo no Vale do Javari junto com o jornalista britânico Dom Phillips, é considerado uma ameaça e se tornou um dos homens mais odiados pelos garimpeiros que atuam clandestinamente no território amazônico. Ele atua na região desde 2010 e auxiliou a Polícia Federal a desbaratar uma ação contra os garimpeiros que exploravam minérios em áreas próximas às áreas indígenas isoladas no Vale do Javari.

O servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), licenciado do órgão, trabalha em um projeto voltado a melhorar a vigilância em territórios indígenas contra narcotraficantes, garimpeiros e madeireiros que atuam no Vale do Javari, Estado do Amazonas.

De acordo com a revista Veja, Bruno Araújo é o principal responsável na elaboração do plano conjunto com a Polícia Federal, na Amazônia, que explodiu diversas balsas e passou a ser o principal inimigo dos exploradores brasileiros, colombianos e também peruanos, que passaram a se sentir desafiados. A região é explorada também como rota de tráfico por indivíduos se aproveitam da área povoada por indígenas e comunidades ribeirinhas para praticar crimes.

Bruno da Cunha Araújo Pereira e o jornalista inglês, Dom Phillips, do jornal britânico The Guardian estão desaparecidos desde a manhã do último domingo (5), quando deixaram a comunidade São Rafael. Eles seguiam rumo à cidade de Atalaia do Norte (AM), e o percurso deveria durar cerca de duas horas, porém, nunca chegaram e nem vestígios de suas jornadas foram vistos.

Ambos eram experientes e conheciam bem a região onde atuam desde 2010. O caso repercutiu internacionalmente e forçou a Polícia Federal, Exército, Marinha, Força Nacional e Ministério Público Federal a fazerem buscas dos desaparecidos.

Até o momento, um homem identificado como Amarildo da Costa de Oliveira, de 41anos, conhecido como ‘Pelado’, foi preso nessa terça-feira (07), por uma guarnição da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), por posse de munição de uso restrito. Com ele também foram apreendidos chumbinhos.

Embora ele ainda não seja apontado como responsável pelo desaparecimento dos homens, Amarildo, junto a outros suspeitos, é conhecido por ameaçar indígenas e todos os que atuam em prol da região.

Por meio de nota, a Funai disse que “acompanha o caso e está em contato com as forças de segurança que atuam na região e colabora com as buscas”. Porém, destaca que Bruno Pereira está licenciado da instituição.

“Cumpre esclarecer que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, dado que se encontra de licença para tratar de interesses particulares”.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), anunciou que a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) vai apoiar as buscas. Segundo ele, uma força tarefa composta por policiais civis, militares e voluntários foi enviada à região.

“Estamos colocando o Estado à disposição para apoiar as buscas e investigações no desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips, em Atalaia do Norte. Estamos enviando agentes para o local e vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para encontrá-los”, publicou Lima no Twitter.

Fonte: https://amazonas1.com.br/indigenista-desaparecido-na-amazonia-ajudou-a-destruir-balsas-de-garimpeiros/