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Game cria modelos de proteínas que podem expor fraqueza do Covid-19

 A luta contra o coronavírus ganhou um aliado
inusitado. Desenvolvido desde 2008 por alunos, professores e entusiastas do
Centro de Ciência de Jogos da Universidade de Washington, o jogo Foldit
(Dobre-o, em tradução livre) recebeu uma atualização nesta semana que permite
aos jogadores tentarem descobrir uma forma de neutralizar o Covid-19.
 O coronavírus é batizado assim por ter uma espécie
de “coroa de espinhos” em sua estrutura externa. Esses espinhos se fixam às
células como carrapatos e usam uma proteína presente nas membranas celulares
saudáveis como cola. Com a conexão, o vírus tem acesso ao interior da estrutura
e consegue se reproduzir. Esse processo já é conhecido e descrito por
pesquisadores da Universidade de Washington. 
 O quebra-cabeça apresentado pelo game Foldit
entra exatamente aí: o objetivo do jogador é dobrar aminoácidos de forma a
criar uma molécula que anule a conexão dos espinhos do coronavírus às proteínas
das células saudáveis. Parece complicado? Um dos criadores do quebra-cabeça, o
cientista Brian Koepnick, garante no vídeo de apresentação do game que não é
necessário nenhum conhecimento biológico ou científico para jogar, apenas
raciocínio lógico e, claro, tempo livre. 
 De acordo com Koepnick, usuários que
conseguirem “resolver” o dilema da proteína-espinho do Covid-19 terão a partida
analisada pelo Instituto de Criação de Proteína da Universidade de Washington. “Tem
havido muita pesquisa sobre o coronavírus. Estamos muito empolgados de poder
dar aos jogadores a oportunidade de ajudar a entender [o vírus]. É importante
enfatizar que testes de laboratório demoram muito e que leva muito tempo para
analisar essas moléculas [criadas pelos jogadores]. Precisamos saber se são
seguras e eficazes contra o coronavírus”, afirmou o pesquisador.
 Koepnick explicou que esse é apenas o primeiro
passo na descoberta de proteínas antivirais que podem acabar com a epidemia. “O
poder de computação dos jogadores é igual, ou talvez superior, ao de
supercomputadores”, disse.
 De acordo com a documentação do aplicativo,
Foldit é uma solução divertida para tentar resolver uma das maiores questões
computacionais da biologia: a dobra de proteínas. As proteínas são pequenas
“máquinas” que executam instruções do organismo em todos os sistemas do corpo
humano. Elas são formadas por cadeias complexas de aminoácidos, que se amontoam
para construir a estrutura. A forma como eles se dispõem é a “dobra”.
 O Foldit também conta com quebra-cabeças para
outras doenças, como o HIV, e problemas nunca resolvidos de biomedicina. O
aplicativo é grátis, sem fins lucrativos e pode ser baixado no site
oficial para Windows, MacOS, Linux, iOS e Android. 
Foto:  Amanda
Perobelli.