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 A disponibilização para laboratórios privados
e hospitais públicos de um ‘kit’ único para identificação rápida de patógenos
de relevância médica, como vírus, bactérias e fungos, poderá se tornar
realidade já em 2021, facilitando identificar as causas de uma infecção. A
estimativa é da pesquisadora Rosane Silva, do Instituto de Biofísica Carlos
Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que desenvolve o
projeto. Atualmente, para identificar o que provoca uma infecção, os ‘kits’
disponíveis no mercado são específicos para somente um microrganismo alvo.
 Com financiamento da Fundação Carlos Chagas
Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Rosane Silva disse na
semana passada à Agência
Brasil
que a ideia é que o ‘kit’ que vem sendo testado em
equipamentos de última geração possa ser usado também em outras plataformas de
baixo custo.
 “A ideia é tornar acessível para que qualquer
laboratório possa utilizar o ‘kit’, entre os quais laboratórios de hospitais
públicos. A gente quer que seja o mais abrangente possível e aplicado em
equipamentos de custo mais baixo”. Rosane pretende também fazer parcerias para
oferecer serviços e treinamento de pessoal de hospitais públicos para melhor
utilização dos ‘kits’. Calculou que o custo desse teste pode evoluir de R$ 300
a até R$ 4 mil, dependendo do equipamento utilizado. “Vai depender muito do
quanto a gente pode adequar o equipamento para diferentes plataformas”,
explicou.

 Casos especiais

 Rosane esclareceu que esse ‘kit’ não é
indicado para uso rotineiro, mas para casos especiais, como descobrir o que
provoca uma infecção em pacientes com septicemia, contaminação alimentar e
infecções em próteses ortopédicas de difícil tratamento. Pode fazer ainda o
monitoramento ambiental em solos e águas que estejam contaminados por bactérias
resistentes a antibióticos, além de detectar infecções no tecido cardíaco, como
endocardites, e em pacientes pediátricos, incluindo neonatos e prematuros. O
‘kit’ identifica a conduta terapêutica que deve ser adotada.
 O resultado do ‘kit’ sai entre 48 horas e 72
horas, mas a pesquisadora pretende que ele seja dado o mais rápido possível.
“Em menos de cinco dias”. A pesquisadora espera validar todos os testes em até
24 meses. Ela está adaptando o sistema para que possa ser usado por
laboratórios mais distantes ou remotos e que não tenham muitos recursos. A fase
atual de testes é a mais difícil, avaliou Rosane Silva, porque envolve amostras
clínicas que necessitam da autorização prévia dos pacientes. De acordo com a
pesquisadora, o ‘kit’ pode ser direcionado também para uma assinatura genômica
dos ácidos nucleicos.
 A detecção simultânea de microrganismos
associados à saúde humana reduz as internações e, em consequência, diminui os
custos hospitalares e a mortalidade. “Se você tem o mais breve possível a
identificação do patógeno, isso permite ter o medicamento adequado para aquele
tipo de patógeno. O paciente vai se recuperar mais rápido, com menos custos de
internação”. Ao mesmo tempo, reduz a mortalidade porque o paciente usufrui
dessa informação para ter o medicamento correto, em vez de ser submetido a
testes de diferentes drogas que acabam depauperando a pessoa.
 O financiamento da Faperj para realização do
projeto alcançou R$ 690 mil e o da Capes, R$ 100 mil. A Universidade do Texas é
parceira intelectual do projeto.
  Os
resultados alcançados até agora geraram três artigos sobre o tema na revista
científica PLOS One, e nos jornais ‘Microbiologyopen’ e Gene. (Alana Gandra)
Fonte: Agência Brasil
Foto: Tânia Rego