Bancos de Leite Humano da rede estadual de saúde atenderam mais de 4,8 recém-nascidos prematuros no Amazonas, em 2019
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o leite materno é o melhor alimento para crianças, por contar na medida exata com os nutrientes necessários ao bom desenvolvimento da criança, e deve ser exclusivo nos primeiros seis meses de vida. Mas nem todo recém-nascido consegue mamar no peito ao nascer, como no caso dos bebês prematuros que, embora precisem ganhar peso, não estão em condições de receber da mãe o alimento que vai permitir a recuperação mais rápida.
Por esse motivo a doação de leite humano é tão importante. Elcenira Matos, de 36 anos, conseguiu amamentar a primeira filha Larissa até os 2 anos, mas o pequeno Cristian, que nasceu prematuro e pesando 1,470kg, precisa ganhar peso enquanto está internado na UTI Neonatal da Maternidade Balbina Mestrinho. O pouco leite que consegue coletar não é suficiente, e a mãe faz um apelo a outras mães.
“É um grande significado para nós, mães, que quando não conseguimos produzir esse leite a gente conta com aquelas mães que são doadoras. Daí a importância de todas nós nos tornarmos doadoras. Doando, estamos salvando vidas também”, conscientiza.
Essa necessidade vivida por Elenira é suprida pelos Bancos de Leite Humanos (BLH) da rede estadual de saúde, que em 2019 atenderam no estado do Amazonas mais de 4,8 mil bebês prematuros em maternidades públicas e privadas da capital e do interior. Na maioria das vezes, a solidariedade de outras mães em fase de amamentação é a principal fonte de abastecimento dos bancos de leite.
Após a retirada, que pode ser feita no posto de coleta localizado na maternidade ou na própria casa da doadora, o leite passa por um rigoroso processo de pasteurização, no BLH, para torná-lo seguro ao consumo do bebê.
A enfermeira Tânia Ramires, que coordena BLH Fezinha Anzoategui, localizado na maternidade Balbina Mestrinho, esclarece que as mães de prematuros são estimuladas na maternidade a colher o leite para seus bebês internados, mas nem sempre o alimento é suficiente ou a mãe não está em condições de amamentar.
“Todo o leite coletado, após o processo de pasteurização, vai para as Unidades de Terapia Intensivas (UTI) de maternidades onde se encontram os recém-nascidos de baixo peso, prematuro ou com qualquer outro tipo de diagnóstico de patologias. O banco de leite dá esse suporte para as mães que não conseguem alimentar seu bebê, e esse leite vem a ser uma nutrição de suma importância porque vai prevenir contra infecções e fazer a parte de imunização do bebê”, afirma.
Números expressivos – Somente no BLH da Balbina Mestrinho são processados cerca de 80 litros de leite por mês, coletados pela maternidade e também por outros postos de coleta vinculados localizados em unidades públicas e privadas – Instituto da Mulher Dona Lindu, Maternidade Alvorada, UBS São Francisco, Hospital Padre Colombo de Parintins e nos hospitais/maternidade da Unimed, Samel e Adventista. Vinte por cento do que é produzido fica na maternidade, e os 80% restantes retornam para os postos de coleta vinculados.
O médico pediatra José Lins, que atua na UTI neonatal da Balbina Mestrinho, reforça a importância do ato de doar para as crianças que estão internadas. “O leite materno já vem na temperatura ideal, tem quantidade de água, calorias e sais minerais ideais, além de outros fatores de desenvolvimento que estimulam o crescimento, maturação intestinal e cerebral e promovem um crescimento adequado do bebê dentro da UTI, diferente da fórmula, em que a gente não tem essas quantidades adequadas”.
Orientação – A enfermeira Patrícia Lima, do posto de coleta de leite humano da Balbina Mestrinho, ressalta o trabalho de conscientização das mães e diz que os bancos de leite atuam em várias frentes na maternidade, como a de orientar a parturiente.
“Nós também temos a função de orientar as mães quanto à importância da amamentação, e passamos nas enfermarias fazendo rodas de conversa para que elas sejam orientadas, tanto quanto à importância do aleitamento materno exclusivo quanto da retirada do leite para o seu recém-nascido”.
Agosto Dourado – No mês dedicado a incentivar a amamentação, toda a rede de Bancos de Leite Humano da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) estará em campanha também para incentivar a doação de leite materno.
O Amazonas possui uma das maiores redes de Banco de Leite Humano no Brasil. Além do Banco de Leite da Balbina Mestrinho, as maternidades Ana Braga, na zona Leste, e Azilda Marreiro, zona norte, possuem BLH. Estes, por sua vez, contam com uma rede grande de postos de coleta instalados em maternidades públicas e privadas.
FOTOS: Rodrigo Santos/Susam