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Presidente francês afirma que não há tempo suficiente para novo acordo

 O primeiro-ministro britânico Boris
Johnson viajou a Paris nesta quinta-feira (22) para se reunir com o
presidente francês, Emmanuel Macron, e tentar convencê-lo a aceitar a
reabertura das negociações entre Reino Unido e União Europeia (UE) sobre o
Brexit.
 No dia anterior, Johnson se encontrou com a
chanceler federal alemã, Angela Merkel, em Berlim, na primeira escala de sua
“ofensiva de charme” para tentar convencer os líderes europeus a
fazer concessões quanto ao plano arduamente negociado pela antecessora de
Johnson, a ex-primeira-ministra Theresa May para a saída do Reino Unido da UE.
 Ele disse ter se sentido “poderosamente
encorajado” após a conversa com a chanceler, que sugeriu que uma solução
ainda poderia ser encontrada nos próximos 30 dias.
 Entretanto, em Paris, os líderes britânico e
francês apresentaram posições bastante antagônicas sobre a possibilidade de um
acordo.

Ao lado de Macron, a quem chamou intimamente pelo primeiro nome, o britânico
exaltou as relações entre os dois países e reforçou que o Reino Unido quer um
acordo com a UE, mas ressaltou que seu dever é fazer a vontade do povo de seu
país, que, por margem apertada, optou pelo Brexit no referendo de 2016.
 “Como você mesmo destacou, Emmanuel, é
vital para a confiança na política que, se você teve um referendo, deve então
agir sob a instrução dos eleitores. E é por isso que nós temos que sair [da UE]
no dia 31 de outubro, com ou sem um acordo”, disse Johnson.
 “A partir daí, poderemos avançar em nosso
relacionamento. Concordo com você incondicionalmente, Emmanuel, este é um
relacionamento bastante extraordinário”, completou.
 Um dos pontos de discórdia é o chamado backstop, que Macron disse
considerar indispensável. Esse mecanismo estabelecido pela UE visa evitar uma
nova imposição de uma “fronteira rígida” entre a Irlanda, membro do
bloco europeu, e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido.

 A intenção é manter uma fronteira aberta
caso Londres e Bruxelas não cheguem a um acordo comercial pós-Brexit. A medida
implicaria a manutenção de uma relação estreita entre Londres e o bloco
europeu, por um prazo indefinido.
 Após o encontro com Merkel, o premiê britânico
ressaltou que não pode aceitar o backstop
previsto no acordo atual, que segundo ele, além de dividir o Reino
Unido, ainda prenderia Londres a “acordos regulatórios e comerciais da UE,
sem ter voz sobre esses assuntos”.
 Macron disse concordar com Merkel que
“algo inteligente” possa ser feito nos próximos 30 dias. Entretanto,
o líder francês deixou claro que o backstop
não é apenas uma medida técnica, mas sim, algo indispensável para
“preservar a estabilidade na Irlanda e pela integridade do mercado
único”.
 O francês defendeu as cláusulas que visam
manter aberta a única fronteira física entre o Reino Unido e a UE, nos limites
entre as duas Irlandas. “Temos de respeitar o que foi negociado”,
disse Macron, reiterando o que Bruxelas já vem afirmando há meses. Johnson, por
sua vez, afirma que essas disposições não são necessárias.
 Uma solução dentro de 30 dias apenas será
possível se “houver boa vontade de ambos os lados”, disse o francês.
Ele observou, porém, que não será possível, nesse período de tempo, chegar a um
acordo amplamente diferente.
 “Quero ser muito claro: no próximo mês,
não vamos encontrar um novo acordo de saída que se afaste muito do
original”, disse Macron.
Fonte: Agencia
Brasil
Foto: Divulgação