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O câncer do colo do útero é a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Ainda de acordo com o órgão, em 2020, o Amazonas terá 700 novos casos de câncer do colo de útero, sendo 580 somente em mulheres que moram em Manaus.

Com o propósito de reduzir o número de mortes por câncer de colo do útero e promover a prevenção de forma precoce, durante este mês é celebrado o Março Lilás. No Amazonas, esse ano o tema do Março Lilás é “A vida sendo cuidada por onde ela iniciou: pelo colo do útero”. A campanha, consequentemente, alerta também sobre a importância de se proteger contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), uma vez que o Papilomavírus Humano (HPV) é a principal causa do câncer do colo do útero.

Por isso, durante todo o mês de março, mulheres são incentivadas a manter uma rotina frequente de idas ao ginecologista e a fazer exames preventivos, como o Papanicolau, que ajuda a detectar a infecção causada pelo HPV e possíveis alterações no colo do útero.

O que é?
A ginecologista e obstetra do Hapvida Saúde, Yasmine Bader, explica que o câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV). “O HPV é um dos tipos de infecção sexualmente transmissível mais recorrente, sendo na maioria das pessoas infectadas assintomática, mas quando desperta sintomas, pode provocar o surgimento de verrugas genitais ou, nos casos mais graves, a lesão no colo do útero”, esclarece Yasmine.

Quando a infecção por esse vírus provoca alterações celulares as chances do desenvolvimento do câncer do colo do útero são maiores. Além da infecção por esse vírus, que acontece através de relações sexuais desprotegidas, outros fatores podem favorecer o desenvolvimento desse tipo de câncer, como outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), tabagismo e condições que possam diminuir a imunidade.

Apesar de ser uma condição grave, essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (Papanicolau) e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame.

Sintomas
Em alguns casos o desenvolvimento da doença é lento e não manifesta nenhum sinal durante a fase inicial, garante a especialista. Já no estágio mais avançado, alguns sintomas podem surgir. A ginecologista destaca importante prestar atenção ao surgimento dos seguintes sinais:
Dor abdominal associada a problemas intestinais e urinários;
Sangramento vaginal;
Sangramento após relação sexual;
Secreções vaginais anormais;
Menstruação irregular;
Fadiga;
Perda de peso sem motivo aparente;
Náuseas.

Prevenção
Em 2017, o Ministério da Saúde estendeu a vacina contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. “Essa vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero”, destaca Bader.

A vacinação e a realização do exame preventivo (Papanicolau) se complementam como ações de prevenção desse tipo de câncer. “Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade indicada (a partir dos 25 anos), deverão fazer o exame preventivo periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos do HPV”, alerta a médica.

Tratamento
O tratamento para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. Entre os tratamentos para o câncer do colo do útero estão a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia.

O tipo de tratamento dependerá do estágio de evolução da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos. Se confirmada a presença de lesão precursora, ela poderá ser tratada a nível ambulatorial, por meio de uma eletrocirurgia.

Sobre a data
No entanto, sabe-se que há muitos anos março é considerado o mês da mulher e, por isso, se tornou também um momento propício para alertar também sobre o risco de uma das doenças responsáveis por causar tantas mortes anualmente.

Dessa forma, além do mês representar a luta das mulheres por conquistas políticas, econômicas e sociais, também é um espaço para lembrar dos cuidados que devem ser tomados em relação a saúde da mulher, mas com foco nesse tipo de câncer.

Simbolismo
Acredita-se que a origem da cor lilás como símbolo do mês da mulher está relacionada ao movimento que ocorreu na Inglaterra, em 1908, em que as mulheres lutaram pelo direito ao voto.

Nesse episódio, que ficou conhecido como movimento sufragista, as mulheres elegeram as cores lilás, branco e verde como símbolos da campanha. Nas décadas de 60 e 70, o movimento feminista teve novamente uma retomada, sendo a cor lilás sempre presente como símbolo da luta.