Piloto brasileiro, vice-campeão há 15 anos, se diz motivado por declarações recentes de Bernie Ecclestone. Ex-chefão da F1 revelou ter tido conhecimento sobre “Singapuragate” ainda em 2008
Há 15 anos, Nelson Piquet Jr colidiu de forma proposital em Marina Bay para beneficiar o companheiro Fernando Alonso; os dois guiavam pela Renault. Ao bater no muro da curva 14, o filho do tricampeão Nelson Piquet seguiu ordens recebidas do chefe Flavio Briatore e do engenheiro Pat Symonds.
Massa liderava a prova no momento da batida e, indiretamente, terminou prejudicado. Com o acionamento da bandeira amarela, a Ferrari chamou o brasileiro aos boxes, mas liberou Felipe com a mangueira de reabastecimento ainda presa ao carro. O piloto ainda não conversou com a ex-equipe sobre o assunto.
– Eu não sei se é possível dividir um título. Se foi comprovado que aquela corrida foi roubada, ela tem que ser cancelada, essa é a justiça. É muito difícil dizer “ah, coitadinho”. Não existe “coitadinho” no mundo, a situação é clara – declarou Massa ao Motorsport.
Escandalo batizado de Singapuragate completa 15 anos em 2023 — Foto: Reprodução/FOM
Antes do GP de Singapura, a diferença entre Felipe Massa e Lewis Hamilton – líder do campeonato e futuro campeão – era de um ponto. A desvantagem brasileira cresceu para sete pontos após a prova: Hamilton cruzou em terceiro e o piloto da Ferrari despencou para 13º, ficando fora da zona de pontuação.
Flavio Briatore foi banido da Fórmula 1 em 2009, mas a decisão foi revertida um ano depois, pelo Tribunal de Grande Instância de Paris (França). Pat Symonds recebeu uma suspensão de cinco anos; hoje, ele é diretor técnico da F1.
– Vejo com tristeza (as falas de Ecclestone, 15 anos após a polêmica) por ser algo injusto e inadmissível para o esporte – lamentou o ex-F1.
Relembre a declaração
A Ferrari errou no pit stop de Felipe Massa em 2008 em Singapura e tirou a vitória do brasileiro — Foto: Paul-Henri Cahier/Getty Images
– Max (Mosley, então presidente da FIA) e eu fomos informados durante a temporada de 2008 sobre o que havia acontecido no GP de Singapura. Nelsinho disse a seu pai que a equipe havia pedido para bater deliberadamente no muro e em um determinado momento para acionar o safety car e ajudar Alonso, seu companheiro de equipe – disse Ecclestone, acrescentando:
– Decidimos não fazer nada na ocasião. Queríamos proteger o esporte e salvá-lo de um grande escândalo. Havia uma regra na época de que a classificação do campeonato mundial era intocável após a cerimônia de premiação da FIA no fim do ano. (…) Tínhamos informação suficiente na época para investigar o assunto. De acordo com os estatutos, deveríamos ter cancelado a corrida em Singapura sob essas condições. Isso significa que (o GP) nunca teria acontecido para a tabela de classificação. Felipe Massa teria sido campeão, não Lewis Hamilton – disse Ecclestone.
O que diz o regulamento
O artigo 14 do Código Esportivo Internacional da FIA prevê direito de revisão caso um “novo elemento significativo e relevante”, antes indisponível ao reclamante, seja descoberto. Entretanto, há limitações: o período para emissão de um pedido de revisão expira em 14 dias corridos após o fim de uma competição, e até quatro dias antes da cerimônia da FIA para entrega dos prêmios do Mundial.
A corrida em Singapura aconteceu no dia 28 de setembro de 2008. Lewis Hamilton confirmou o título mundial ao chegar em quinto no GP do Brasil, no dia 2 de novembro. A cerimônia da FIA foi realizada em 12 de dezembro do mesmo ano.
Fonte: GE
Foto: Divulgação