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Onda de manifestações é contra ajuste econômico do presidente Moreno

 Governantes dos países que integram o Mercosul
(Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) divulgaram ontem (13) uma nota conjunta
lamentando os confrontos entre as forças de segurança do Equador e
manifestantes que protestam contra o ajuste econômico do governo.
 Ao menos dois manifestantes já morreram nos
protestos, embora as próprias autoridades discordem sobre esse número. Enquanto
o governo fala em duas mortes confirmadas, a Defensoria Pública afirmou que,
até a última quinta-feira (10), ao menos cinco civis já tinham sido mortos,
incluindo uma liderança do movimento indígena, que encabeça os protestos.
  Na nota divulgada hoje, os chefes dos
Estados-Membros do Mercosul afirmam deplorar os atos de violência registrados
no Equador nas últimas horas. E reiteram o apoio ao presidente equatoriano,
Lenín Moreno, saudando o que classificam como “disposição” do governo
equatoriano e de “setores representativos da sociedade” para iniciar um diálogo
“com vistas à normalização da ordem no país”.
 “Considerando o princípio fundamental do
respeito à democracia e o Protocolo de Ushuaia sobre compromisso democrático no
Mercosul […] Os países [membros do bloco] reiteram seu apoio ao governo
democraticamente constituído do Equador e ao presidente Lenín Moreno, e esperam
pela pronta restauração da paz no país”, informa a nota que, no Brasil, foi
divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.

 Jornalistas e policiais reféns

 A nota foi divulgada quatro dias após
manifestantes manterem dez policiais e cerca de 30 jornalistas como reféns por
mais de dez
horas, na Casa da Cultura, em Quito. A ação foi motivada pela morte de dois
índios que participavam dos protestos. Na ocasião, o presidente da Confederação
de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Jaime Vargas, declarou que o
movimento continuará ocupando as ruas do país, sobretudo da capital, Quito, até
que o governo revise o pacote de medidas econômicas que implementou para
cumprir um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
 Devido aos confrontos violentos e à tensão
política e social, o presidente Lenín Moreno transferiu provisoriamente a sede
do governo federal de Quito para a Guayaquil.
O mandatário defende seus ajustes econômicos diante dos protestos. Em um vídeo
transmitido em rede nacional para justificar a decisão de transferir a sede do
governo e de decretar estado de exceção em todo o país, restringindo o direito
de reunião dos cidadãos, entre outras medidas, Moreno defendeu a necessidade da
adoção de medidas para ajustar as contas públicas. O presidente também
responsabilizou seu antecessor, o ex-presidente Rafael Correa, por mobilizar
segmentos da sociedade contra a atual gestão.

 Nota do Prosul

 O Ministério das Relações Exteriores do Brasil
também compartilhou uma segunda
nota, esta assinada pelas nações que formam o Foro para o Progresso e
Integração da América do Sul (Prosul), foro de diálogo criado em março deste
ano para o fortalecer as relações entre os países sul-americanos. Além do
governo brasileiro, assinam a manifestação sobre a situação no Equador os
representantes da Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru.
 “Ante os últimos acontecimentos de alteração
da ordem pública e atos de violência ocorridos na República do Equador, os
chefes de Estado, membros do Prosul, declaramos [que] apoiamos a democracia, o
Estado de Direito e o respeito aos diretos humanos no Equador”, asseguram os presidentes
dos oito países signatários da nota.
  “Respaldamos os esforços que o governo do
Equador realiza para manter a paz, a ordem pública e a institucionalidade
democrática, utilizando os instrumentos que lhe outorga a Constituição e a lei.
Condenamos os atos de violência e as tentativas de desestabilizar o país, sua
institucionalidade e o processo democrático equatoriano”, endossam os
presidentes, rechaçando qualquer eventual “ação externa destinada a alterar a
ordem pública e a convivência pacífica no Equador”.
 O documento traz ainda um apelo à preservação
do direito à liberdade de expressão e à reunião pacífica. “Instamos o governo
[equatoriano], a oposição e os setores representativos da sociedade a buscar
uma solução pacífica, baseada no diálogo e pelas vias institucionais, que
permita uma pronta saída da situação de tensão e violência que prevalece há
vários dias.”
Fonte:   Agencia Brasil
Foto:  Ivan Alvarado