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Moraes classificou a pandemia de “ameaça real e gravíssima”

 O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal divulgue na íntegra os
dados relativos ao contágio e às mortes pelo novo coronavírus (covid-19), nos
moldes de como vinha sendo realizado pelo Ministério da Saúde até o dia 4 de
junho.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1309116&o=node
 O magistrado atendeu a um pedido de liminar
(decisão provisória) feito pelos partidos Rede Sustentabilidade, PCdoB e Psol
em uma ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). Na decisão,
Moraes classificou a pandemia de “ameaça real e gravíssima” e destacou que há
mais de 36 mil mortes no Brasil em decorrência do novo coronavírus.
 O ministro afirmou que as consequências para a
população podem ser desastrosas “caso não sejam adotadas medidas de efetividade
internacionalmente reconhecidas, dentre elas, a coleta, análise, armazenamento
e divulgação de relevantes dados epidemiológicos necessários, tanto ao
planejamento do poder público para tomada de decisões e encaminhamento de
políticas públicas, quanto do pleno acesso da população para efetivo
conhecimento da situação vivenciada no país”.
 Pela decisão, o Ministério da Saúde fica
obrigado a divulgar e manter uma divulgação diária e integral dos dados
epidemiológicos relativos à pandemia, incluindo o número acumulado de
contaminados e mortos. 
 Para Moraes, isso é necessário para que sejam
cumpridos “os princípios constitucionais da publicidade e transparência e do
dever constitucional de executar as ações de vigilância sanitária e
epidemiológica em defesa da vida e da saúde”.

 Entenda
o caso

 Na noite de domingo (7), o Ministério da Saúde anunciou uma
mudança no formato de divulgação dos dados relativos à pandemia. Pela nova
metodologia, por exemplo, em vez de divulgar o número de mortes acumuladas na
data de notificação, passa a ser divulgado com maior destaque somente o número
de mortes que efetivamente ocorreram naquele dia.
 A explicação dada pelo governo foi de que a
divulgação do acúmulo de casos, como vinha sendo feito, dificulta a verificação
das mudanças dos cenários regionais, estaduais e municipais.
 “O uso da data de ocorrência (e não da data de
registro) auxiliará a se ter um panorama mais realista do que ocorre em nível
nacional e favorecerá a predição, criando condições para a adoção de medidas
mais adequadas para o enfrentamento da covid-19, nos âmbitos regional e
nacional”, disse o ministério em comunicado divulgado na noite de domingo (7).
 Ontem (8), o governo fez outro anúncio sobre a
criação de uma nova plataforma interativa com os dados, que deve ser lançada
nesta semana. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio
Franco, as secretarias estaduais enviarão as informações até as 16h e os dados
totais nacionais serão divulgados até as 18h30.
 Em entrevista coletiva, o diretor do
Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis,
Eduardo Macário, disse que as mortes por covid-19 confirmadas com dias de
atraso continuarão a ser contabilizadas, mas que o dia de ocorrência será
considerado e isso impactará a curva epidemiológica de evolução da pandemia. “O
total continua o total”, afirmou.

 MPF

 O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, no sábado (6), procedimento
extrajudicial para apurar porque o Ministério da Saúde mudou a forma de
divulgação dos dados do novo coronavírus no Brasil. O MPF pedirá ao
ministério a cópia do ato administrativo que determinou a retirada do número
acumulado de mortes do painel, bem como do inteiro teor do procedimento
administrativo que resultou na adoção da medida. 

  Último balanço

 De acordo com o último balanço divulgado pelo governo federal na noite de ontem
(8), o Brasil registrou na  segunda-feira 15.654 novos casos de covid-19 e
679 novas mortes.
 Com isso, os totais subiram para 707.412 casos
confirmados da doença e 37.134 mortes.

 Divulgação
paralela

 Em meio a essas mudanças, o Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass) disponibilizou ontem (7), em seu site, um painel próprio com dados atualizados sobre
o número de casos da covid-19 no país. A atualização feita ontem
mostra 679 novas mortes e 15.564 novos casos de covid-19 nas últimas 24
horas. 
 De acordo com a entidade, a iniciativa está pautada “pelo mais alto
interesse público”, com vista à “defesa da saúde e da vida” dos brasileiros.
 As informações da nova ferramenta serão
fornecidas pelos estados e estarão disponíveis diariamente até as 18h. O
conselho reúne os secretários de saúde das 27 unidades da federação.
Foto: Fabio Rodrigues