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Seis mulheres foram presas em flagrante, na madrugada desta quinta-feira, por obrigarem crianças a percorrerem quilômetros em bairros de classe média alta da Zona Sul do Rio por pelo menos dez horas diárias vendendo mercadorias e pedindo dinheiro, inclusive sob chuva. De acordo com investigações da 14ª DP (Leblon), nem todas as suspeitas eram mães das crianças e ficavam sentadas em bancos ou calçadas desses locais. Elas foram indiciadas dos crimes de associação criminosa, abandono de incapaz, abandono material e submeter criança ou adolescente a vexame ou constrangimento por exploração de trabalho infantil.

Segundo a delegada Daniela Terra, titular da 14ª DP, o inquérito foi instaurado após o recebimento na delegacia de uma série de reclamações de moradores e lojistas da região, relatando haver uma grande quantidade de crianças e adolescentes vendendo mercadorias e pedindo dinheiro em determinados pontos. Diante disso, foram realizados trabalho de vigilância e gravações, em dias e horários alternados, o que revelou uma rede de exploração de trabalho infantil, composta por mulheres que recorriam a crianças para obter ganhos econômicos.

A investigação revelou que, diariamente, por volta das 10h, essas pessoas, moradoras do Complexo da Penha, na Zona Norte, chegavam a Ipanema e Leblon, e ficavam nesses lugares até 21h. As responsáveis ficavam a longas distâncias das crianças, e todo o recurso obtido ou alimento recebido pelos jovens eram entregues às mulheres, que permaneciam todo o período sentadas em bancos ou calçadas à espera dos valores.

O inquérito apontou também que as crianças executavam as tarefas sob a supervisão de vários adultos, não se alimentavam, tampouco frequentavam escola. Em média, elas arrecadavam R$ 150 diariamente. Quanto mais nova, maior era a rentabilidade: um menino de 5 anos chegou a faturar R$ 700 em um único dia.

Na noite desta quarta-feira, agentes identificaram seis crianças trabalhando nas ruas dos dois bairros e localizaram seus responsáveis a cerca de um quilômetro de distância. As mulheres foram levadas para a delegacia, de onde serão encaminhadas para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde vão passar por uma audiência de custódia. As crianças foram entregues por profissionais do Conselho Tutelar a outros parentes. Fonte: Extra