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Brasil – Quando se fala em qualificação profissional, é comum lembrar de habilidades técnicas. Porém, com um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, um dos principais diferenciais entre candidatos a uma vaga de emprego têm sido as chamadas ‘soft skills’. Essas habilidades comportamentais, também conhecidas como interpessoais ou sociais, são nada menos que as capacidades humanas de um profissional, como a resiliência, a colaboração e a comunicação eficaz, apenas para dar alguns exemplos.

Para se ter ideia do quão importantes são essas novas habilidades, um estudo da consultoria PageGroup, referente a 2020, mostra que 59,7% de líderes empresariais já deixaram de preencher uma vaga porque os candidatos não tinham as soft skills necessárias para aquela posição. A pesquisa ouviu três mil pessoas em postos de comando na América Latina, incluindo o Brasil.
O mesmo estudo mostra ainda que 79% dos líderes empresariais acreditam que o equilíbrio entre habilidades técnicas e comportamentais permite à organização enfrentar melhor as crises. Não somente, mas a maioria (62%) também apontou que as habilidades comportamentais, somadas às técnicas, possibilitam melhores resultados econômicos.
“Temos vários relatórios e pesquisas na área da gestão que dizem que as empresas contratam pelas competências técnicas e demitem pela ausência de competências comportamentais. Por isso, é importante que um profissional, antes mesmo de ser candidato a uma vaga, já tenha conhecimento a respeito disso, até para que possa aperfeiçoar as duas áreas”, afirma a diretora técnica pedagógica do Centro de Ensino Técnico (Centec), Eliana Cássia de Souza.

Formação básica

Para explicar, ela usa como exemplo o que ocorre no próprio Centec. Em todos os mais de trinta cursos disponíveis na instituição, as habilidades comportamentais fazem parte da formação básica. Elas são trabalhadas em disciplinas transversais, como Psicologia e Competência para o Trabalho’, Língua Portuguesa e Comunicação para o Trabalho, Ética Profissional, Psicologia Empresarial e Humanização a Atendimento no Trabalho.
“Trabalhamos nessas disciplinas todas as habilidades comportamentais, com destaque para o trabalho em equipe, o foco e a liderança. É importante que o aluno já seja apresentado a essas novas exigências do mercado, porque quando passar a estudar as disciplinas específicas do curso, ele já vai com uma sensibilidade maior para a importância da empatia, da comunicação e de outras soft skills”, pontua a educadora.
Assim como ocorre na escola, a professora diz ser possível aprender sobre essas competências através de estudos de caso, em leituras sobre o assunto e em reflexões sobre o dia a dia da profissão e do cargo para o qual deseja concorrer. Para ajudar na busca por esse conhecimento, listamos abaixo três soft skills apontadas como mais valorosas por líderes empresariais ouvidos pela PageGroup em seu último estudo.
1 – Trabalho em equipe: apontada por quase metade dos líderes (46%) como a principal habilidade comportamental, a capacidade de trabalhar em equipe pode melhorar os resultados de um setor e até de uma empresa a partir do momento em que todos os colaboradores conseguem caminhar em unidade. Essa habilidade reúne consigo outras soft skills, como a comunicação, a negociação e a empatia.
2 – Resolução de conflitos: outra habilidade requisitada pelo mercado, segundo 29% dos líderes, é a resolução de conflitos. Afinal, qual colaborador nunca se viu em uma situação natural que exigisse inteligência emocional? Por isso, quem tem essa capacidade pode olhar a crise para além do problema, ou seja, como uma possibilidade de vencer um obstáculo, ainda que pequeno.
3 – Comunicação assertiva: a terceira soft skills mais mencionada por líderes empresariais (25%) é, talvez, a habilidade mais comum entre todas as outras. Afinal, como resolver conflitos ou trabalhar em equipe sem ter uma comunicação assertiva? Para isso, é preciso saber ouvir e se fazer entender bem pelos colegas. A dica se estende, inclusive, para o digital, onde muitas vezes só se tem mensagens escritas para se comunicar, o que dá ainda mais importância para esse comportamento.

Foto: Christina Morillo/ Pexels