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Reabertura parcial está prevista para 2022

 Mesmo com a previsão de reabrir parcialmente o
Museu Nacional para as comemorações do bicentenário da independência do Brasil,
em 2022, a reforma completa do palácio imperial Paço de São Cristóvão, na
Quinta da Boa Vista, destruído por um incêndio no dia 2 de setembro de 2018, só
deve ser concluída em 2025.
 A previsão está no cronograma da nova
estrutura de governança do museu, apresentado hoje (11) durante o seminário
Planejamento dos espaços de guarda de coleções em museus: Sustentabilidade,
Conservação e Segurança, coordenado pelo Museu Nacional-UFRJ, com apoio do
British Council e parceria com Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU-RJ).
 Segundo a coordenadora do projeto Museu
Nacional Vive, a arquiteta Lucia Bastos, a expectativa é entregar em 2022 toda
a restauração das fachadas, da cobertura e dos jardins.
 “O projeto vai ser concluído em setembro de
2021, a gente inicia as obras internas em fevereiro e termina a fachada e
cobertura do bloco 1 e dos outros blocos em julho. Nossa expectativa de entrega
para o bicentenário, o que é tecnicamente viável, é terminar a restauração das
fachadas de todos os blocos, a construção da nova cobertura, o jardim frontal e
o jardim das princesas. Eu acho que isso já é uma grande entrega para o grande
público, para os usuários da Quinta e para a comunidade”.

 Cronograma

 Pelo cronograma, está previsto para março de
2020 a conclusão do projeto da cobertura e fachada do bloco 1 do palácio e em
abril começa a recuperação dos bens integrados do mesmo bloco. Em maio
finaliza-se o resgate nos escombros do incêndio e começam a ser feitos os
projetos de arquitetura, para em julho começarem as obras na fachada e na
cobertura.
 Para 2021, em janeiro começam as obras nas
fachadas e cobertura dos blocos 2, 3 e 4, em março a área acadêmica será
transferida para o novo Campus das Cavalariças, que já estão em obras. Em abril
termina a reforma da biblioteca do horto, em julho começam as obras nos jardins
do palácio e em setembro terminam de ser feitos os projetos de arquitetura.
 Em fevereiro de 2022 começam as obras na parte
interna do paço e no anexo, em março terminam as obras da fachada e cobertura
do bloco 1, em maio começa a produção da museografia, em julho terminam as
obras da fachada e cobertura nos blocos 2, 3 e 4 e em agosto serão finalizadas
as obras dos jardins.
 Para 2023 estão previstas as obras no interior
do paço e no anexo, com término em 2024, quando também será iniciada a
museografia e a montagem da exposição, a ser finalizada em maio de 2025.
 “A gente entende que esse trabalho tem que ser
muito integrado, porque na concepção de um museu você trabalha com o tripé da
arquitetura, a museografia e o conteúdo. Não dá para isso ser descolado, então
a gente está junto no cronograma, está tudo amarrado. Esse é o grande desafio,
a gente tem que caminhar todos abraçados”.
 Até o momento, o Museu Nacional conseguiu
levantar R$ 164 milhões, o que não é o suficiente para toda a recuperação. São
R$ 56 milhões em emendas parlamentares, aplicados no Campus das Cavalariças; R$
16 milhões disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC), indo R$ 11
milhões para as primeiras ações emergenciais e R$ 5 milhões para a Unesco
auxiliar nos projetos da reconstrução; R$ 21,7 milhões disponibilizados pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destinados à construção
do prédio administrativo das Cavalariças e à reforma da biblioteca do horto; R$
20 milhões prometidos pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
(Alerj), para a reforma das fachadas e coberturas; e R$ 50 milhões em recursos
não incentivados da Vale, sendo R$ 13,8 milhões para a Unesco fazer frente aos
projetos técnicos complementares de museografia e arquitetura.

 Acervo e coleções

 Em sua apresentação no seminário, a
vice-diretora do Museu Nacional, responsável pela parte dos acervos da
instituição, explicou que a exposição tinha 5 mil peças e que 80% foi perdido
no incêndio, 15% está preservado e 5% foram afetados. As coleções que tiveram
mais perdas foram as de antropologia, etnografia, paleontologia, geologia,
entomologia (insetos), aracnologia (aranhas) e malacologia (conchas), sendo que
esta última está tendo uma recuperação razoável no resgate.
 Ela lembra também da Biblioteca Francisca
Keller de literatura antropológica, que ficava dentro do palácio e foi
totalmente perdida.
 Do trabalho de resgate, Cristiana destaca
objetos de cerâmica pré-colombiana, esculturas de bronze egípcias e o crânio da
Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul.
 “Muito desse material está sendo recuperado e
está sendo feito um plano museológico para essas exposições. O processo de
resgate foi um grande desafio, tem todo o procedimento de escavação,
peneiramento, documentação, limpeza e acondicionamento do material em
contêineres. A gente já está na etapa final”.
 A vice-diretora lembra que o trabalho de
pesquisa no Museu Nacional não foi interrompido e a instituição conta com 87
professores, 210 profissionais de nível superior e médio e atende 500
estudantes de pós-graduação e iniciação científica.
Fonte:  Agencia Brasil
Foto:  Tania
Rego