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A presidente Leila Pereira ofereceu ‘salário europeu’, pôs seu jato particular à disposição e até segurança para a família do treinador. Decisão sob permanência dependerá da esposa, Ana Xavier

O que pode tirar, de verdade, Abel Ferreira do Palmeiras responde pelos nomes de Ana Xavier, Inês e Mariana. E ainda neste primeiro semestre.

“Estou no Brasil sem minha família. Minha família são meus jogadores. Eles serão os primeiros a saber.

“Tenho proposta do Palmeiras para renovar, tive conversa com a Leila [Pereira, presidente do Palmeiras] na sexta-feira.

“As primeiras pessoas que têm de saber são meus jogadores. O que eu sou hoje aqui no Brasil eu devo a eles, porque de fato nós construímos uma verdadeira equipe. Portanto, os primeiros a saberem da minha decisão, além da minha família, serão eles. A minha decisão, ela está tomada, mas vou dizer primeiro a eles”, avisou o treinador no programa Roda Viva, da TV Cultura.

Abel Ferreira tem nas mãos a possibilidade de receber um salário com “nível europeu”, de acordo com membros da direção do clube. Podendo ficar até o fim do mandato de Leila, que termina em dezembro de 2024. Ou ficar até 2025.

Leila deixou bem claro que o projeto do futebol do Palmeiras é todo de Abel Ferreira, até os seus últimos dias de poder. Basta o português aceitar.

A presidente do Palmeiras também oferece respaldo até em relação à segurança da família do treinador em São Paulo. Que é uma das preocupações de Abel.

 

Além de deixar seu jato particular à vontade quando, nas folgas, a família precisar ir a Portugal.

O treinador de 43 anos foi direto na conversa com a presidente.

Não quer mais seguir no Brasil sem sua esposa, Ana Xavier, e as filhas, Inês e Mariana.

Ana preferiu ficar em Portugal.

Questionado se seguiria no Palmeiras por dois ou três anos sem a família, Abel Ferreira foi direto.

“Isso é impossível! Ou eu vou ou eles vêm…

“O Palmeiras quer muito, e gosto muito do Palmeiras. Falei com a minha esposa e disse: ‘Só fico se tu vieres; senão, não fico’.”

Além da segurança, outro ponto fundamental para Abel e Ana Xavier é a instabilidade do futebol do país. A esposa teme que sua família toda se desloque para cá e ele seja demitido após uma fase ruim do Palmeiras. Esse é o tal “medo do futebol brasileiro”, que ele também abordou no programa.

Mas Leila deixou claro na conversa de sexta-feira que não o mandará embora. Nem se o clube for rebaixado. E lembrou o regime presidencialista, ou seja, é ela a autoridade máxima no Palmeiras.

E, lógico, há o estudo das filhas. Inês, 13 anos, e Mariana, 10 anos, estão completamente adaptadas à vida em Penafiel, cidade do distrito de Porto.

Um exemplo vívido do que é “salário europeu”, Jorge Jesus trocou o Flamengo pelo Benfica. No seu retorno ao clube de Lisboa, recebia cerca de R$ 3 milhões por mês. E ainda receberia um plus de R$ 700 mil se ficasse os três anos de contrato. Não ficou.

Leila Pereira foi direta com Abel.

Não há “plano B”. Se o treinador afirmar que sairá no meio do ano, será caótico para o Palmeiras.

Sua multa atual é baixa para o seu nível de técnico: 1 milhão de euros, cerca de R$ 5,5 milhões.

O meio-termo seria a permanência até o fim do ano.

Tempo suficiente para o Palmeiras se reestruturar, procurar no mercado um técnico à altura de Abel Ferreira.

O português não assumirá publicamente nem sob tortura.

Mas ele se alegra quando ouve da direção do Palmeiras que seria ótimo seguir no clube. Por ter chances reais de substituir Tite, que abandonará a seleção brasileira depois da Copa do Mundo do Catar.

A perspectiva de permanência do técnico é grande.

Com a renovação antecipada de contrato, para evitar que ele saia no meio do ano.

Mas o técnico tem a desculpa perfeita para dizer “não”.

Se não houver necessidade, o futebol não poderá separar uma família.

E Abel não suporta mais ficar longe da esposa e das filhas.

Quem pode dizer que ele estará errado?

 

Fonte: R7

Foto: Divulgação