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Isabella nasceu aos cinco meses, pesando 560 g
Ellen Cristina Aguiar mora em Jundiaí (SP) e tinha dois filhos adolescentes quando engravidou de uma menina. Por estar com 35 anos, foi alertada pelos médicos de que poderia ter complicações, mas assistiu à gestação avançar saudável e sem grandes incômodos, a não ser enjoos. Foi somente aos cinco meses que os profissionais desconfiaram de que algo não corria bem: após alguns exames, foi constatado que Ellen sofria de uma síndrome rara e que seu parto precisaria ser feito imediatamente.
Com a notícia, a mãe confessa que tinha poucas esperanças de que a bebê pudesse sobreviver. Mas sua filha Isabella contrariou as expectativas: veio ao mundo em abril deste ano, com 560 g, e foi considerada a menor bebê a nascer na história do Hospital Universitário de Jundiaí. Precisou passar mais de 100 dias na UTI, mas se recuperou. Hoje, ao ver a filha saudável com 8 meses de vida, pesando 6 kg, Ellen relembra com emoção a história: 
Sonho realizado 
“Quando engravidei pela terceira vez, já era mãe de dois meninos: um de 18 e outro de 15 anos. Sempre tive o sonho de ter uma menina, por isso eu e meu marido ficamos felizes com a novidade. Por outro lado, ficamos surpresos, era uma gestação não planejada. Por eu estar com 35 anos, a médica responsável pelo pré-natal me avisou de que poderia enfrentar complicações. Apesar disso, tudo foi se desenrolando normalmente nos primeiros meses, com exceção de alguns enjoos que sentia”.
Quando tudo mudou 
“No quinto mês tive uma dor de estômago forte e que não passava. Até então trabalhava como manicure, mas com os problemas de saúde saí do emprego. Precisei fazer diversos exames e foi assim que os médicos descobriram que eu estava sofrendo com a Síndrome de Hellp, uma condição grave e que coloca em risco a vida da mãe e do bebê. Foi uma surpresa para mim e para a equipe. Se estivesse somente com pressão alta, poderia dar prosseguimento à gravidez através de um tratamento. Mas com a síndrome, isso era impossível. Eu precisaria fazer uma cesariana e interromper a gestação imediatamente” 
Choque inicial
Quando a conheci, fui até a incubadora, mas não podia tocá-la. Ao ver seu corpinho pequeno e magro, saí correndo de volta para o quarto. Levei até uma bronca da enfermeira, pois estava com pontos da cirurgia e não podia me movimentar daquela forma. Mas eu só queria deitar e chorar. O sentimento durou por algum tempo. No local em que a minha filha estava, havia outros bebês, bem mais gordinhos do que ela. Às vezes, esses bebês não resistiam. Por isso pensava todos os dias: ‘Será que hoje vai ser a vez da minha filha?’. A própria médica dizia que precisávamos pensar nos dias um de cada vez” .
Tempo e resistência “Em menos de uma semana, recebi alta. Porém ia ao hospital todos os dias para visitar minha bebê. Chegava cedo e só voltava de noite. Foi um período desgastante porque passava todo o tempo sentada em uma cadeira ao lado da incubadora. Quando ela estava com um pouco mais de 1 kg fui autorizada a pegá-la no colo pela primeira vez. Ainda tinha medo de que algo pudesse acontecer, mas já me sentia mais confiante. Toda a minha família estava em oração para que ela se recuperasse e foi exatamente o que aconteceu. Pouco a pouco ela foi ganhando peso. Depois de 102 dias internada, chegou aos 2,21 kg e nós tivemos alta”. 
Fonte : R7