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Brasil – É comum encontrar quem não goste de ambientes hospitalares por associá-los a doenças, sofrimento e até mesmo à morte. Esse pensamento ganhou ainda mais força durante a pandemia, quando o Brasil chegou a registrar superlotação de unidades de saúde por mais de uma vez, com algumas consequências trágicas. Nesse contexto, como fica a saúde mental dos profissionais de saúde que trabalham nesses espaços?

Um recente estudo divulgado pela Fiocruz responde ao questionamento. O órgão, vinculado ao Ministério da Saúde, ouviu 21.480 profissionais técnicos e auxiliares de saúde durante a pandemia. O resultado apontou que 80% dos participantes afirmaram viver situação de desgaste profissional relacionado ao estresse psicológico, ansiedade e esgotamento mental. A falta de apoio institucional, a violência e a discriminação pela função estão entre os pontos mais citados.

Para tentar mudar esse cenário, é necessário investir no cuidado com a saúde mental ainda durante a formação desses profissionais. Um exemplo é o que acontece nos cursos da saúde disponíveis no Centro de Ensino Técnico (Centec), em Manaus. Na grade básica, todos contam com as disciplinas ‘Psicologia e Competências para o Trabalho’ e ‘Humanização a Atendimento no Trabalho’.

“A Organização Mundial da Saúde nos diz que a saúde é um bem-estar físico, mental e social, ou seja, não está apenas ligado a doenças. Por isso, é muito importante cuidar da mente, em especial os profissionais, porque se você não está com uma consciência boa, isso vai refletir no seu trabalho”, comenta o professor do curso técnico em Enfermagem, Joaquim Rodrigues.

Neuropsicologia

Enfermeiro especializado em urgência e emergência, Joaquim ministra a disciplina de projeto de neuropsicologia, onde os principais ensinamentos repassados aos alunos envolvem conhecer as discussões a respeito do tema saúde mental.

“Buscamos uma visita dos estudantes ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), em Manaus, e até mesmo a realização de uma live para abordar essa temática, mas num contexto jurídico, para que os alunos entendam também a questão da saúde mental nas condições criminais. Fazemos também maratona de filmes sobre saúde mental, momento em que podemos debater essas questões juntos”, explica o docente.

A estudante do curso técnico em enfermagem, Maria de Nazaré Ferreira da Costa, 35, cursou a disciplina de neuropsiquiatria durante os estudos no Centec. Ela se forma em outubro e aponta para a necessidade de que a saúde mental dos profissionais ganhe cada vez mais importância nas discussões sobre trabalho.

“É muito importante orientar e estudar desde a formação sobre esse cuidado com a saúde dos profissionais que atuam na área, mesmo porque isso faz parte do aperfeiçoamento e aprendizado das mais diversas situações que vamos nos deparar, das mais diversas formas no campo de trabalho”, ressalta a estudante.

Foto: divulgação