Diretor da entidade diz que os protocolos de segurança para a produção de uma vacina contra o coronavírus não podem ser ignorados
O atual avanço das pesquisas para encontrar uma vacina contra o novo coronavírus e as precauções necessárias indicam que a população não começará a ser vacinada antes “da primeira parte de 2021”, afirmou nesta quarta-feira (22) o diretor do Programa de Emergências Sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan.
“Temos que ser realistas quanto ao tempo. Não importa o quanto tentamos acelerar o processo, temos que estar seguros de que uma vacina é segura e eficaz, e isso leva seu próprio tempo. Estamos trabalhando como podemos, mas isso não significa de forma alguma que vamos pegar atalhos no que se refere à segurança”, afirmou Ryan.
As declarações de Ryan foram feitas em sessão informativa ao público nas redes sociais. Na mesma ocasião, a epidemiologista Maria Von Kerkhove, que integra o mesmo programa da OMS, ressaltou que não se pode ter expectativas exageradas e acreditar que a vacina será uma solução absoluta.
Eficácia das vacinas
Ryan lembrou que nenhuma vacina é 100% eficaz. Para ilustrar o raciocínio, lembrou que a vacina para o sarampo é das mais precisas, com 95% de eficácia. Outro aspecto que deve ser levado em conta é a duração da imunização oferecida pela vacina.
Cada vez mais vacinas — entre as 23 que estão nas fases mais avançadas em diferentes partes do mundo — estão chegando à fase 3, o que significa que, depois de mostrar que são seguras e com alguma eficácia, podem começar a ser administradas a milhares de pessoas. Esta etapa vem antes de uma vacina ser aprovada pelas autoridades sanitárias do país.
A OMS recebeu a confirmação de 14,73 milhões de casos de coronavírus no mundo, dos quais 169.013 correspondem às últimas 24 horas. O número de mortes pela nova doença é de 611.284, 3.503 a mais do que no dia anterior.
Durante a sessão, uma das perguntas mais frequentes foi se é seguro comparecer a grandes eventos ao ar livre. Von Kerkhove disse que sim, contanto que os participantes mantenham uma distância física de pelo menos um metro e cumpram as medidas de higiene indicadas, em particular a lavagem das mãos. Caso isto não seja possível, recomendou o uso de máscaras durante todo o evento.
Ryan pediu para que os jovens não se deixem levar pela ideia de que, se pegarem o vírus, terão sintomas mais leves. Segundo ela, há pessoas nessa faixa etária que apresentaram sintomas graves e sofreram sequelas que levaram semanas ou mesmo meses para se recuperar.
“Demora muito tempo até que o pulmão volte à capacidade normal, e em alguns casos o sistema cardiovascular também é afetado”, disse Ryan. A OMS documentou diversos casos de jovens que necessitam de três a seis meses para que os órgãos recuperem as funções normais, após terem sofrido a doença durante dez dias.