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A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), conta com 842 pacientes que utilizaram o novo esquema medicamentoso para tratamento da malária no município. O estudo de “Viabilidade Operacional da Cura Radical Apropriada de Plasmodium vivax com Tafenoquina ou Primaquina após o Teste Quantitativo de G6PD no Brasil” é conduzido pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a gerente de Vigilância Ambiental da Semsa, enfermeira Alinne Antolini, o uso da tafenoquina reduz o tempo de tratamento contra malária, de sete para três dias, e a atual etapa do estudo tem como objetivo obter evidências sobre a viabilidade operacional do uso do medicamento na prática diária de atendimento das Unidades de Saúde de baixa complexidade na rede municipal.

“Em Manaus, a primeira etapa deste estudo foi iniciada em setembro de 2021, nas unidades de alta e média complexidade da rede estadual de saúde. No mês de fevereiro deste ano, o estudo foi ampliado para mais 13 pontos de atendimento na rede municipal, totalizando 17, localizados nas zonas Leste, Oeste e rural da cidade”, explica a gerente.

O tradicional tratamento utilizado contra a malária inclui a cloroquina e a primaquina e o estudo também pretende avaliar a possibilidade de substituição da primaquina pela tafenoquina no esquema medicamentoso. Além de Manaus, o mesmo trabalho vem sendo desenvolvido na cidade de Porto Velho (RO).

Conforme as diretrizes do estudo, aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), o tratamento com uso da tafenoquina é direcionado para pacientes com mais de 16 anos, diagnosticados com malária do tipo vivax. Gestantes não são incluídas no estudo, já que seguem um protocolo específico para o tratamento da malária indicado pelo Ministério da Saúde.

No estudo, ainda vem sendo realizado a oferta do teste do nível da enzima G6PD do paciente, que também é um novo procedimento na rotina de atendimento nas unidades de baixa complexidade e visa reduzir o risco de complicações no tratamento. Quando o nível da enzima fica abaixo do recomendado, o medicamento contra malária, tanto a primaquina quanto a tafenoquina, tem o risco de levar ao desenvolvimento da anemia hemolítica, uma doença grave que pode levar o paciente ao óbito.

O chefe do setor de Controle de Endemias do Distrito de Saúde (Disa) Leste, André Lima, explica que os agentes de endemias realizam as visitas aos moradores de áreas de transmissão da malária para execução de ações de educação em saúde e oferta do exame para o diagnóstico precoce da doença.

“Quando o diagnóstico é positivo para malária, o agente oferece o teste para avaliar o nível da enzima. Dependendo do resultado desse exame, vamos administrar a tafenoquina ao paciente ou iniciar outro esquema medicamentoso. O trabalho é feito em parceria com a Fundação de Medicina Tropical, que ofereceu suporte técnico para a execução do estudo”, informou André Lima, lembrando que os agentes de endemias realizam o acompanhamento da recuperação de todos os pacientes por um período de até 60 dias.

A dona de casa, Francisca Almeida de Araújo, 56, moradora da comunidade no ramal do Brasileirinho, zona Leste, foi uma das pacientes a receber a tafenoquina. “Eu tive muito calafrio, dor de cabeça e nas pernas. Mas, quando comecei a tomar o medicamento, passou tudo e estou bem melhor agora. Depois da primeira dose que tomei, não tive mais os sintomas”, afirmou Francisca.

Casos

Entre janeiro e 27 de julho deste ano, o município de Manaus registrou 1.052 casos de malária, apresentando redução de 40% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 1.752 casos da doença foram diagnosticados. Segundo dados da Semsa, desde 2018 o município vem apresentando redução de notificação de malária a cada ano.

“A redução é resultado de um trabalho contínuo que tem como foco o fortalecimento do diagnóstico precoce, a busca pelo tratamento em tempo oportuno para reduzir o risco de transmissão, a busca ativa de casos suspeitos e o controle vetorial do mosquito transmissor da doença. A execução desse trabalho é feita por agentes de endemias, em vigilância permanente e que são treinados para orientar a população e reconhecer os sintomas da doença. As equipes realizam visita de casa em casa para realizar os exames, entregar os medicamentos e fazer a supervisão do tratamento”, frisou Alinne.

Foto – Henrique Souza / Semsa