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De forma gradativa e bem lenta, o preço da gasolina nos postos de Manaus reduziu nas últimas quatro semanas R$ 0,20 centavos. De R$ 4,69, o litro em muitas bombas da cidade começou a ser vendido por R$ 4,49. Na média nacional apurada em mais de 5,7 mil postos do país, pela Associação Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço da gasolina caiu pouco mais que 20 centavos nesse período, caindo de R$ 4,515 no dia 8 de março para R$ 4,298, no dia 4 de abril, queda de quase 5%.

A queda tímida do preço do litro da gasolina comum, em Manaus, coincide com o período da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que, a partir das medidas de isolamento social, reduziu o trânsito de veículos e, por consequência, reduziu também o volume de abastecimento em mais de 50% nos postos da cidade, de acordo com frentistas. O sindicato do segmento não se manifestou.
Desde quando começaram as medidas de isolamento social, a gestora de Recursos Humanos, Kelly Oliveira, 34, passou a abastecer somente duas vezes ao mês o seu veículo. “Com o trânsito mais tranquilo e com as aulas suspensas, o consumo reduziu bastante”, afirmou. O marido dela, Marcelo Nascimento, 34 anos, é engenheiro eletricista e também continua trabalhando. Ele disse que sentiu sim a redução do preço, mas de forma sutil.
O designer Mário Martins de Almeida, 37, disse que desde quando a empresa que trabalha adotou o home Office e a escola do filho, também adotou aulas por meio do Google Education, as idas semanais ao posto de combustíveis para abastecer diminuiu drasticamente. “Se eu gastava cerca de R$ 70 a R$ 100 por semana com gasolina, hoje eu já nem lembro mais quando foi a última vez que eu fui abastecer o carro. Eu vou ao mercado uma vez ou outra e ainda não vi como está o preço da gasolina”, disse o designer, em sua casa.
A administradora Ana Rita Cunha, 40, afirmou que continua saindo de casa todos os dias para trabalhar. Segundo ela, a cada dez dias abastece o seu veículo. “Como não está tendo muito trânsito por conta do isolamento social, a gasolina está durando bem mais. Antes eu precisava abastecer toda semana e, dependendo da rotina, o combustível acabava antes”, explica Ana Rita que ainda não observou a diminuição de 20 centavos, pois onde abastece a queda foi de apenas 10 centavos.
A servidora pública municipal Melissa Silva, 39, conta que matem as saídas de casa todos os dias, por ser gestora em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na Zona Oeste. Ela abastece semanalmente somente R$ 70, pois não mora tão distante do serviço. “Meu consumo de combustível permanece o mesmo e eu percebi nas tabelas uma redução nos preços, mas, no tanque, essa diferença acaba não sendo tanta. Eu sinceramente espero que o valor continue baixando”, salientou.
A frentista Milena Matos do Posto Shell, localizado na Avenida Desembargador João Machado, afirma que houve uma redução muito grande no fluxo de clientes em mais de 50%. Segundo ela, os preços estão caindo aos poucos e o serviço não para. “Continuamos trabalhando e seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde. Fazendo uso do álcool em gel, utilizando luvas e mantendo a limpeza do local”, finalizou.
Reduções nos preços
Durante todo o mês de março, quatro reduções de preços foram anunciadas pela Petrobras para as refinarias, motivadas pela desvalorização do petróleo no mundo. Somadas, as reduções chegaram a 35%. Apesar disso, a demanda também despencou nas últimas semanas por conta das ações de isolamento social impostas por estados e municípios.
De acordo com a plataforma de monitoramento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o tráfego de veículos caiu 58% no Brasil em março. A redução dos preços também foi observada no diesel. Em mais de três mil postos pesquisados, a ANP encontrou o valor médio de R$ 3,437 na última semana. Já no período compreendendo de 8 a 14 de março, o preço ficou em R$ 3,618. Na mesma comparação, o etanol foi de R$ 3,253 para R$ 3,039.
A queda abrupta no consumo de combustíveis após o início das medidas de isolamento social no país é apontada por executivos e especialistas como um entrave para repasses mais rápidos neste momento, já que os postos e distribuidoras têm dificuldade para desovar estoques antigos.
Desde o início do ano a commodity vem caindo de preço por causa do coronavírus, que ameaça o crescimento da economia global, e mudou de patamar nos últimos dias por uma queda de braços entre a Rússia e a Arábia Saudita pelo volume de petróleo disponível no mercado.
Entramos em contato com membros do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis (Sindicombustíveis) para saber mais sobre a queda e sobre os postos do Amazonas, mas até o fechamento da matéria não obtivemos resposta. 
https://emtempo.com.br/economia/197811/procura-por-gasolina-cai-50-em-manaus-mas-preco-diminui-apenas-020