TCE

 É triste ver um programa de TV, ao qual eu me
dediquei demais, e que tinha tudo para mostrar que o SBT sabe, sim, fazer
fofoca, acabar. Na última quinta-feira (7) Sílvio Santos, seu criador, cansou
de ver os números pífios da atração. Eu vivi de perto aquela realidade e falo
com propriedade.
 Entenda algo sobre o SBT: quando um programa
for criado pelo Silvio, todas as grandes decisões são dele. Ninguém pode mexer
sem o aval dele. Mas o Dono do Baú, segundo relatam, não é um cara irredutível,
ele aceita, sim, a opinião alheia. Só que ele, simplesmente, não tinha alguém
para atualizá-lo da situação. O diretor do programa não soube se impor e tentar
uma aproximação direta com ele. Marcão do Povo, por exemplo, Silvio recebe em
sua sala. Por que não receberia o diretor?.
 As últimas “ideias” de Silvio foram
desastrosas. Não pode colocar horóscopo
num programa de TV. Sabe por quê? 40% da população do Brasil é evangélica, e
isso vai contra o que eles pensam.
 E aquela sessão pavorosa de músicas antigas
sem fim? Por que o diretor não explicou a alguém próximo que aquilo seria um
tiro no pé? Medo? Medo de quê? Contestar é algo natural dos seres pensantes.
 Daqui a pouco eu falo do palco. Mas na redação
havia um problema grave: para falar de celebridade você precisa ter um mínimo
de experiência. E as informações retidas pela equipe eram básicas, o que faz
com que a pauta seja pueril. Até para fazer fofoca tem que ter especialização.
 O elenco era outro problema sério. Vale
ressaltar que os meus comentários não são de nível pessoal, mas absolutamente
profissional. Uma das minhas maiores qualidades no programa era que eu tinha um
tom acima, eu gritava, agia como louco (não que eu não seja)… E isso prende a
atenção do telespectador.
 Ultimamente, o tom do elenco era o mesmo. Dava
um sono… Todos politicamente corretos demais. Mara, então, virou a palmatória do mundo. Era até curioso esperar
para ver a próxima atrocidade que ela falaria. Mara é a Regina Duarte da
fofoca.
 Eu me lembro, que antes de eu ter voz atuante
no programa, eu estava com celular na mão enquanto todo elenco escondia o
aparelho. Por que? Eu me recusei a esconder e bati de frente com o diretor. Um
fofoqueiro sem celular? É melhor me tirar uma perna, é menos útil. (Risos).
 De repente, comecei a receber ligação dos
artistas no meio do programa. Aquilo prende a atenção do telespectador num
grau. Você não tem ideia. É ao vivo! O telefone do Leo toca e tudo pode mudar.
 Outro problema, faltava um contra ponto
decente. As discussões não rendiam, só quando eram relacionadas à moral e aos
bons costumes. Mara era cheia de regras.
 O telespectador, por mais velho que ele seja,
ele gosta de saber o que o jovem pensa. Com tanta gente boa e moderna na
internet, o “Fofocalizando” poderia ser um programa moderno e
contemporâneo. Poderia até não ter o exclusivo, mas jovens sinalizando um
movimento das ruas, traria um ar jovial que o SBT tanto precisa.
 Livia era alegria, mesmo muitas vezes ficando em cima do
muro, ao assisti-la dava vontade de abrir um largo sorriso. Puni-la daquela
maneira foi o tiro de misericórdia para o fim do programa. Que triste fim.
Fonte: Portal UOL
Foto: Divulgação